A cada mês que passa, analistas reveem para baixo suas previsões de vendas de smartphones no Brasil para 2015. Em julho passado, a IDC projetava 54 milhões de unidades comercializadas este ano, o que representaria uma queda de 1% em comparação com 2014. Passados dois meses e diante da piora no quadro macroeconômico e da alta do dólar, a projeção foi refeita. Agora a IDC estima que serão 50 milhões, o que significará uma queda de 8,3%.

É importante destacar que o cálculo foi feito ainda sem levar em conta o impacto do fim da desoneração de PIS e Cofins sobre smartphones produzidos localmente, anunciada na noite da última segunda-feira, 31, e que entrará em vigor a partir de 1º de dezembro. Ou seja: possivelmente as vendas serão ainda menores. Este será o primeiro ano em que o mercado brasileiro de smartphones vai diminuir, ao invés de crescer.

Reinaldo Sakis, gerente de pesquisas da IDC Brasil, considera prematuro refazer o cálculo agora levando em conta o fim da desoneração. Dependendo de como o setor de telecom reagir à decisão do governo, pode ser que haja ainda uma reviravolta sobre o assunto, como aconteceu com a CPMF e o Fistel para módulos de M2M. "Muita água ainda vai passar debaixo da ponte", comenta.

Sakis lembra que antes da Lei do Bem o mercado nacional de smartphones crescia abaixo da média mundial. A redução dos preços ajudou a acelerar as vendas do produto no País, que chegaram a crescer 123% em 2013 e atingiram o auge em volume no ano passado, com 54,5 milhões (veja tabela abaixo). O analista ressalta, todavia, que a Lei do Bem não foi o único fator que contribuiu para a alta dos últimos anos. "O cenário como um todo era favorável ao crescimento", comenta, referindo-se à situação macroeconômica do País. Também pesaram a favor a chegada das redes 4G e o avanço tecnológico nos handsets.

Ano

Smartphones vendidos no Brasil

Variação % anual

2010

4,9 milhões

 

2011

9 milhões

+84%

2012

16 milhões

+78%

2013

35,6 milhões

+123%

2014

54,5 milhões

+55%

2015

50 milhões (projeção)

-8,3%

 

Fonte: IDC