A fintech brasileira Trigg está expandindo gradativamente o seu portfólio de serviços financeiros digitais dentro do seu app (Android, iOS). O primeiro deles, lançado um ano atrás, foi um cartão de crédito gerenciado via app. Depois vieram os serviços de saque planejado e de empréstimos (batizado como “+ Grana”), assim como um seguro de assistência para animais de estimação. O próximo passo será o lançamento de novos seguros, para bicicleta, bolsa/mochila e celular, em parceria com a Zurich, previstos para o segundo trimestre deste ano. Em seguida virá o maior salto: a criação de uma conta digital, tal como fez recentemente o rival Nubank.

Todos os serviços são criados a partir de pesquisas e da observação do comportamento de uso do cartão pelos usuários do Trigg, explica Marcela Miranda, CEO e cofundadora da start-up. “Olhamos muito o comportamento para ver o que as pessoas precisam, a partir de como usam o nosso cartão”, relata a executiva. Até mesmo a análise de crédito para a emissão de cartões, seu principal produto, é feita dessa forma. Como seu foco é o público millennial (ou com comportamento de millennial, como prefere descrever Miranda), uma mera consulta do score de crédito dos solicitantes levaria à recusa da maioria dos pedidos. Em vez disso, a Trigg libera cartões aos poucos, por lotes segmentados por algumas características em comum, o que chama de “safras”. A partir disso, analisa-se o comportamento de quem recebeu os cartões em cada safra para assim adequar sua política de emissão de novos cartões e de limite de crédito. A Trigg já recebeu 700 mil solicitações de emissão de seu cartão e projeta que a demanda chegará a 2,1 milhões até o final deste ano.

Foi também com base em pesquisas de mercado que a Trigg optou por oferecer cashback (que varia de 0,55% a 1,3% do valor de cada compra, dependendo do gasto mensal com o cartão), como benefício para seus usuários. Para tanto, cobra anuidade em parcelas de R$ 9,90 ao mês (os três primeiros meses são grátis). Justificar a cobrança da anuidade foi um dos grandes desafios iniciais da empresa, mas que hoje já está praticamente superado: os próprios usuários defendem a marca nas redes sociais explicando que a partir de um determinado gasto mensal o consumidor sai ganhando, por causa do cashback.

Marcela Miranda, CEO da Trigg

“Fizemos oito meses de pesquisas antes de lançar o Trigg. Uma das perguntas era sobre as razões para o uso do cartão de crédito. São basicamente três: o limite; o benefício (milhagem, dinheiro, prêmios); e o valor que o consumidor enxerga no que eu devolvo em relação ao valor que ele me paga. Optamos por oferecer cashback, mas precisamos que o usuário entenda o benefício”, relembra a executiva.

Observando o comportamento dos usuários, a Trigg notou a recorrência com que muitos fazem saques com seu cartão. Por conta disso, criou o saque planejado e, em seguida, o seu serviço de empréstimo”+ Grana”.

Conta digital

Agora, a Trigg vai começar a pesquisar junto aos seus usuários como eles gostariam que fosse uma conta digital da marca. Ainda não foi definido o modelo de negócios, nem as características do produto. “Precisamos entender a expectativa do meu cliente em relação à conta corrente”, comenta Miranda.

A executiva entende que é o caminho natural das fintechs terem vários produtos financeiros digitais. Quem nasceu como banco passa a ter cartão e quem nasceu como cartão vai virar banco –  vide os recentes casos do Neon e do Nubank, respectivamente. No caso da Trigg, a start-up tem a vantagem de ter como acionista majoritário o banco Omni, já devidamente credenciado para operar pelo Banco Central, o que deve agilizar o lançamento da conta digital com a marca Trigg, pelo menos no que diz respeito aos trâmites burocráticos. A expectativa é de lançamento este ano.

Tela Viva Móvel

Marcela Miranda participará do Tela Viva Móvel deste ano com uma palestra sobre a disrupção provocada pelas fintechs no setor financeiro do Brasil.

O Tela Viva Móvel também contará com palestras de diretores de operadoras como Oi, Vivo e TIM, além de representantes de diversas empresas que estão trazendo inovação através do mobile para diversas verticais, como saúde, mercado imobiliário, segurança, publicidade, games etc. Entre os confirmados estão André Penha, CTO do Quinto Andar; Marcus Figueredo, CEO da Hi Technologies; Rogério Santucci, consumer country manager da McAfee Brasil; Dário Souza, CEO da Gazeus; e Nathan Janovich, CEO e cofundador do Rentbrella.

O Tela Viva Móvel acontecerá no dia 14 de maio, no WTC, em São Paulo, com organização de Mobile Time. A agenda atualizada e mais informações sobre o evento estão disponíveis no site www.telavivamovel.com.br, ou através do telefone/WhatsApp 11-3138-4619, ou pelo email [email protected].