O título deste artigo é uma provocação. A afirmação de que o MST (Magnetic Secure Transmission) é melhor que o NFC (Near Field Communications) não é embasada em nenhum estudo técnico. Contudo, ela parte da minha experiência empírica, como consumidor, ao longo das últimas duas semanas, em que realizei cerca de 20 transações com o serviço de pagamento móvel Samsung Pay, que mescla as duas tecnologias. Experimentei o pagamento nas mais diversas máquinas de POS e nos mais diferentes estabelecimentos comerciais (supermercados, drogarias, padarias, cafeterias, estacionamento de shopping etc). E cheguei à conclusão de que prefiro pagar com MST do que com NFC, mesmo nas máquinas mais modernas que aceitam NFC.

Antes de justificar a minha preferência, cabe explicar o que são MST e NFC para os leitores que ainda não estão familiarizados. Ambas são tecnologias de comunicação por aproximação. O NFC é um padrão internacional presente em vários modelos de celulares, principalmente os de gama média e alta. Ele serve para funções diversas, como trocar informações entre telefones, ou liberar acesso a uma catraca em um edifício ou num estádio, ou estabelecer conexão com outros aparelhos eletrônicos, como caixas de som, ou realizar um pagamento por cartão de crédito em uma máquina de POS. O NFC é a tecnologia de pagamento por aproximação usada no Apple Pay e no Android Pay, por exemplo. Hoje, mais da metade das máquinas de POS existentes no Brasil são compatíveis com NFC e, logo, habilitadas a receber pagamento desta forma.

O MST, por sua vez, é uma tecnologia que emula a passagem de um cartão com tarja magnética. Ele "engana" a máquina de POS: ao aproximar o celular, a máquina entende que um cartão com tarja foi passado em seu leitor. O MST é um padrão proprietário, criado por uma start-up chamada LoopPay, adquirida pela Samsung no ano passado. A grande vantagem do MST é que ele funciona em todas as máquinas de POS, ou praticamente todas, pois algumas muito antigas precisariam atualizar seu software. Testes da Samsung no Brasil obtiveram sucesso de pagamento em mais de 94% das tentativas.

Nas comparações que fiz, pude constatar que a comunicação entre o celular e a máquina de POS é mais rápida com NFC do que com MST. Enquanto no primeiro é praticamente automático, no segundo pode levar poucos segundos, o que, na frente do caixa, nas primeiras tentativas, gera um frio na barriga. Além disso, no NFC compras abaixo de R$ 50 não exigem senha. No MST todas requerem a digitação da senha.

Mas por que então prefiro pagar com MST em vez de NFC mesmo quando a máquina de POS aceita ambas? Por uma razão simples: com MST o processo não muda para o lojista, enquanto no NFC ainda preciso ensinar o caixa como proceder, o que leva tempo e às vezes irrita o funcionário e quem está atrás de mim na fila.

No NFC, o lojista precisa informar primeiro na máquina o valor da compra,  selecionar o método de pagamento (débito ou crédito) e apertar a tecla verde. Só depois disso o consumidor aproxima o cartão. Parece fácil, mas mexer num processo de pagamento rotineiro que existe há anos é, na verdade, muito difícil.

No MST, o funcionário no caixa procede como sempre fez. Pede para o consumidor inserir ou passar seu cartão para ativar a máquina. O usuário, em vez de sacar o cartão de carteira, aproxima seu smartphone e a máquina reconhece como se um cartão com tarja tivesse sido passado nela. O funcionário prossegue em seu roteiro tradicional, digitando valor e método de pagamento. E ao fim o consumidor digita sua senha na máquina de POS. Algumas vezes, o funcionário nem percebeu que usei um celular no lugar do cartão, porque preferiu virar a cara no momento do pagamento e fixar o olhar em seu terminal.

Cabe ressaltar que, dependendo da máquina de POS, quando o pagamento for feito via MST, o sistema pode solicitar que o consumidor informe um código de segurança extra, exibido na tela do Samsung Pay. Contudo, isso não aconteceu em nenhuma das vezes que paguei com MST até agora.

Pode ser que eu mude de opinião no futuro. Quando o NFC se popularizar a ponto de não ser necessário mais ensinar o caixa como operar, a sua velocidade de transação e o fato de dispensar senha para pagamentos de pequeno valor farão a diferença, não tenho dúvida. Enquanto isso, porém, decidi que vou seguir pagando com MST.