A Positivo é o mais novo player do mercado de publicidade móvel no Brasil. A fabricante nacional decidiu transformar os smartphones e tablets da sua base em mídia para a oferta de apps de terceiros, desde que com a autorização dos consumidores, obviamente. É como se fosse uma adnetwork móvel cujo inventário são os dispositivos, não aplicativos ou sites. A unidade de produtos digitais da empresa desenvolveu um aplicativo Android chamado "App Grátis Positivo", que está sendo instalado remotamente nos smartphones e tablets da marca. Através desse app será recomendado o download de aplicativos de anunciantes, que pagarão à Positivo por instalação (CPI). Os aplicativos anunciados ficarão armazenados em servidores da fabricante, não na Google Play.

Desde a semana passada, os consumidores que têm smartphones e tablets da Positivo começaram a receber uma notificação pedindo a autorização para a instalação do "App Grátis Positivo". Mais de 35% da base já foi impactada e a taxa de adesão gira em torno de 60%, revela o diretor de produtos digitais da Positivo, Flávio Elizalde. Algumas centenas de milhares de dispositivos já instalaram o app.O processo de envio para toda a base deve ser concluído dentro de seis a oito semanas. O tamanho total da base não é divulgado. Dentro de três meses, o app passará a vir embarcado dentro de todos os novos smartphones e tablets fabricados pela Positivo.

Os consumidores que instalarem o App Gratis Positivo passarão a receber recomendações de aplicativos gratuitos dos parceiros que comprarem esse espaço publicitário. As sugestões virão na forma de notificações push, na tela do aparelho. A expectativa da Positivo é realizar em média uma campanha por mês. Três anunciantes já fecharam contrato. Um deles é a McAffee, que vai promover seu antivírus móvel. Outro é um app de classificados online, cujo nome não pode ser divulgado ainda. Elizalde acredita que o canal seja propício para o anúncio de apps que adotem o modelo freemium (ou seja, com download gratuito, mas com vendas in-app) e também para aqueles patrocinados, que ficam perdidos dentro das lojas de aplicativos convencionais, sem conseguir destaque nos rankings. Ele ressalta, contudo, que a Positivo dará preferência para apps que sejam úteis e agreguem valor para seus consumidores. Cabe lembrar que todos os apps sugeridos passarão antes por testes nos laboratórios da Positivo para verificar a sua compatibilidade com os smartphones e tablets da empresa.

Nesse primeiro momento, a única segmentação que a Positivo disponibiliza para o anunciante é por modelo de aparelho, o que acaba de certa forma sendo também uma segmentação por poder aquisitivo. "Estamos desenvolvendo uma segmentação por região. E queremos chegar a uma comportamental, com base nas informações que coletaremos sobre o uso do próprio App Grátis Positivo", explica o executivo.

PCs

Essa não é a primeira experiência da Positivo com venda de mídia. A empresa faz isso desde 2011 com os PCs da sua marca, que trazem embarcado um software para a exibição de notícias e de peças publicitárias. A base de pessoas que usam os PCs e laptops da marca com esse canal ativo é de aproximadamente 10 milhões. "O App Grátis Positivo foi um desdobramento natural da versão para PCs. Percebemos que estava na hora de levar essa experiência para o celular", relata Elizalde.

A iniciativa lembra o modelo do francês AppGrátis, que recomenda um app gratuito por dia. Originalmente disponível para iOS, o aplicativo acabou sendo retirado da App Store pela Apple, que entendia que ele gerava picos artificiais de download que alteravam seus rankings. Por conta disso, o AppGratis migrou para Android. A Positivo não corre nenhum risco desse tipo porque os aplicativos anunciados ficam em seus servidores, não nas lojas de aplicativos tradicionais.