O Banco do Brasil foi o primeiro banco em operação no País a lançar um aplicativo móvel comercial de virtualização do seu cartão de crédito e de débito para smartphones Android com NFC, usando a tecnologia HCE (Host Card Emulation). Outras instituições financeiras devem seguir o mesmo caminho ao longo deste ano. O problema é que consumidores e lojistas ainda desconhecem como funciona o pagamento por aproximação, o que gera alguns constrangimentos para quem tenta pagar com esse método nos estabelecimentos comerciais, conforme relatado em artigo publicado em MOBILE TIME na semana passada. Na opinião de fontes do setor, é preciso haver um esforço conjunto de adquirentes, bancos emissores, bandeiras de cartão e grandes redes varejistas para que o pagamento por NFC decole no Brasil.

O primeiro passo já foi dado: a adaptação da maioria das máquinas de POS. Estima-se que mais da metade do parque nacional esteja habilitado para receber pagamento por NFC. Agora falta padronizar os menus. Na máquina da Cielo é de um jeito, na da Redecard é de outro. Isso dificulta a vida de lojistas e de consumidores, mesmo aqueles early adopters dispostos a ensinar os atendentes. Além disso, é preciso comunicar aos lojistas sobre a novidade. Um dos caminhos é exibir uma mensagem logo na primeira tela das máquinas, como acontece nos modelos mais novos da Redecard.

Na opinião de uma fonte do setor financeiro, cabe às bandeiras de cartão e aos bancos emissores educarem os consumidores, enquanto as redes de adquirência se encarregariam de informar os estabelecimentos comerciais. Não será um processo rápido. "Quando da adoção dos cartões com chip, levamos três anos educando o mercado. As pessoas resistiam a botar senha", recorda a fonte. "Nas campanhas, é preciso bater bastante na tecla da segurança", recomenda.

Obviamente, o Banco do Brasil não fará isso sozinho. É preciso que outros players lancem produtos semelhantes, o que deve acontecer somente no segundo semestre, de acordo com a previsão dessa fonte. Há dificuldades tecnológicas envolvidas, dentre as quais a tropicalização do HCE, que precisa funcionar com cartões "combo", ou seja, de débito e crédito, algo raro no resto do mundo.

Se a Apple trouxesse o Apple Pay para o Brasil seria uma grande ajuda, mas aparentemente esse movimento ainda vai demorar um pouco. E o Samsung Pay está previsto somente para o ano que vem, para as Olimpíadas, conforme adiantado por este noticiário.

Substituição do dinheiro

Junto com a educação do mercado, será preciso estimular o uso dessa tecnologia, de repente através de promoções em conjunto com o varejo, oferecendo descontos ou brindes para quem pagar com o smartphone, sugere a fonte.

O pagamento com o smartphone, via NFC e HCE, tende a canibalizar parte das transações feitas com cartão. Mas o grande objetivo dos bancos e das redes de adquirência é que ele substitua parte das compras em dinheiro, especialmente aquelas de baixo valor, aumentando o volume de transações através das máquinas de POS. Esse deveria ser o grande atrativo para que redes de adquirência e bancos emissores estimulassem a adoção dessa forma de pagamento.