O pesquisador do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) Igor Feliciano da Costa, junto com a equipe do Centro de Referência em Radiocomunicações (CRR) da entidade, conseguiu um importante avanço na tecnologia que será aplicada às futuras redes 5G com o desenvolvimento de uma antena para cobertura indoor. Eles desenvolveram um equipamento que pode ser reconfigurado para diferentes frequências e à distância, por meio de sinais óticos. O trabalho recebeu o reconhecimento ao ser premiado no evento científico brasileiro da área de micro-ondas e ótico-eletrônica MOMAG entre mais de 300 artigos, além de ter sido apresentado em eventos internacionais.

A antena utiliza um chip, chamado de "chave de silício", que serve como interruptor de liga/desliga. Apesar de o silício não ser um material condutor, os pesquisadores utilizaram o nível de absorção de luz para carregar os elétrons, transformando-o de material isolante para condutor. Com isso, consegue ser operado à distância, pelo provedor de acesso ou pela central de controle do prédio corporativo, por exemplo. "Eu pego o interruptor e coloco na minha antena de certa forma que consigo controlar a frequência dela, consigo fazer isso com laser e não tenho que mudar em nada minha parte eletrônica", explica Costa. "Quando a chave muda, mudo a estrutura física da antena e posso operar em outra frequência."

Além de poder ser operado à distância para o chaveamento, o trabalho serve à quinta geração de redes móveis porque consegue se adequar a frequências mais altas, evitando o espectro congestionado e ampliando a capacidade para os gigabits por segundo (Gbps). O pesquisador ressalta que é uma novidade, uma vez que as pesquisas em 5G ainda não haviam desenvolvido um equipamento para a cobertura indoor.

"A sacada foram duas grandes inovações: a primeira, na forma de controlar a antena, através de luz, levando isso (o equipamento) a outras frequências; e a segunda é conseguir um dispositivo de antena que consegue cobrir área de dentro de ambiente, provendo acesso à 5G, com banda maior de Internet", comemora o pesquisador. "E é uma solução simples, que usa química e física de materiais básicos. É eficiente e funcional, fácil de ser implementada e de conceito."

A antena não tem ainda previsão de ganhar aplicação comercial até porque a tecnologia 5G continua a ser desenvolvida antes da padronização, que deverá sair em 2020. Igor da Costa ressalta, entretanto, que o trabalho, além de outros projetos do CRR, deixam o Brasil em posição de destaque na corrida tecnológica – recentemente os Estados Unidos anunciaram grandes esforços para realocar espectro para a 5G, enquanto a Comunidade Europeia destinou 700 milhões de euros em investimento em pesquisas como parte do programa Horizon 2020. O centro da Inatel recebeu R$ 20 milhões do Funttel em um prazo de 36 meses de trabalho – o projeto foi assinado em dezembro de 2014.