Em tempos onde conversar sobre política é se indispor com família, amigos ou possíveis crushes, eis que surge a plataforma VoteFace (Android, iOS). Criada pela Himni Tecnologia, empresa, cujo CEO é o brasileiro Alex Garcia, sediada nos Estados Unidos, a plataforma pretende ser uma ferramenta para que eleitores possam acompanhar de perto seus políticos e que os políticos possam entender melhor seus eleitores. O lançamento está programado para acontecer no início de março.

Por meio de inteligência artificial, o VoteFace recolhe informações nos sites institucionais do Senado, da Câmara dos Deputados, etc., sobre os projetos de leis que estão sendo discutidos. A partir dessa pesquisa, a plataforma elabora uma pergunta, básica, para que o eleitor possa dar sua opinião sobre um assunto. “Algo como: ‘você é a favor ou contra o aumento da alíquota de 27% para 32% para quem tem renda acima de R$ 10 milhões por ano?’ O VoteFace é um instrumento para que as pessoas passem a participar mais diretamente da política. E a gente quer fazer isso com um linguajar mais fácil”, explica Garcia.

Para que o usuário possa emitir sua opinião com um pouco mais de embasamento, a ferramenta irá disponibilizar um vídeo de um minuto feito por um deputado que defende um determinado projeto de lei e outro de um político contrário ao projeto, com o mesmo tempo. Com essas duas opiniões em mãos, o eleitor poderá dar seu veredito sobre a questão. “A partir do momento em que ele afirma se é contra ou a favor de um projeto de lei, o deputado votado pelo usuário saberá imediatamente a opinião do seu eleitor”, explica Garcia.

O CEO pretende montar, inclusive, um escritório em Brasília para que os políticos possam tirar dúvidas sobre a plataforma, entender melhor seu projeto.

Participação e controle

No cadastro, o usuário responde a um pequeno questionário, com perguntas como ‘em quem você votou pela última vez?’ Se quiser pular, é possível. Mas é a partir dessas respostas que a plataforma entenderá o perfil de cada usuário e ele receberá as votações do deputado ou senador em quem votou.

“Queremos que essa ferramenta, seja um instrumento de controle. Se o seu deputado vota em algo com o qual você não concorda, as chances de você votar nele novamente são mínimas, certo?”, questiona Garcia. Como meta, o CEO acredita que, a partir dessa “ameaça”, o político fique constrangido em votar em algo que seja contrário à opinião pública ou a de seus eleitores.

Ou seja, a partir das respostas das enquetes sugeridas pelo aplicativo (metadados), o VoteFace oferece ao usuário um cardápio com políticos que sigam uma linha parecida com a do usuário. A partir daí, ele receberá informes de candidatos que se encaixam com seu perfil. Caso o eleitor responda de forma neutra às perguntas, ou não tenha uma opinião formada sobre determinado assunto, o app irá enviar perfis de políticos dos mais variados.

Segurança

Para que o projeto ambicioso dê certo, Garcia desenvolveu uma plataforma cujo objetivo é ser 100% transparente e segura de possíveis perfis falsos. Para isso, o app pede, no momento do cadastro, foto do título de eleitor, da identidade e, em cada votação dentro do app, para validá-la, o usuário é obrigado a tirar uma foto sua para que seja feito o reconhecimento facial. Daí seu nome, VoteFace. Todos os votos dos usuários ficarão registrados, mostrando que foi aquela pessoa mesmo que votou. “Estou vinculando o reconhecimento facial ao título de eleitor daquela pessoa. Por isso só será possível votar uma única vez. É quase impossível fraudar o VoteFace”, resume.

Para deixar a plataforma segura, a Himni irá criptografar essas informações e armazená-las em blocos. “Para você conseguir quebrar esses dados, você teria que quebrar, pelo menos, 51% dos aplicativos que tiverem sido baixados. O risco de fraude é praticamente zero”. E completa: “o VoteFace veio para mostrar à sociedade que, hoje, temos tecnologia para dizer que a gente não precisa mais da câmara dos vereadores, a gente não precisa mais das assembleias estaduais e a gente não precisa mais do senado, nem da câmara dos deputados. Lógico que isso não vai acontecer assim tão fácil. Queremos que ele tenha um alcance em nível mundial”.