O uso de robôs para propagar notícias falsas e promover ou atacar candidatos nas redes sociais durante as últimas eleições presidenciais norte-americanas ligou um sinal de alerta no mundo inteiro. Preocupados com a utilização dessa ferramenta nas próximas eleições no Brasil, pesquisadores do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio) e do Instituto Equidade & Tecnologia criaram o Pegabot, uma ferramenta para identificar robôs de conversação. Inicialmente ela funciona no Twitter, mas a ideia é levá-la para o Facebook também.

“Os políticos estão mais conscientes de como essas ferramentas (bots) podem atrair eleitores, então tendem a investir nelas e se aproveitam de um momento em que a regulação não avançou o suficiente para coibir tais práticas. Temos hoje um código eleitoral tímido para regular fake news e bots. Os políticos se aproveitam dessas brechas e adotam uma tecnologia que gera uma conversão eficiente”, explica Eduardo Magrani, coordenador da área de direito e tecnologia do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio), e um dos pesquisadores envolvidos no projeto. “Faltava no Brasil uma ferramenta que identificasse os bots. Às vezes estamos conversando com um robô achando que se trata de uma pessoa”, comenta.

O Pegabot funciona através do site www.pegabot.com.br. Nele, qualquer pessoa pode informar o nome de um perfil no Twitter e receber como resposta a probabilidade de se tratar de um robô. Um algoritmo desenvolvido pelo ITS analisa uma série de parâmetros relacionados àquela conta do Twitter para calcular a chance de ser um bot. São levados em consideração a quantidade e a periodicidade das publicações; os tipos de mensagens enviadas; os seguidores daquele usuário; o tipo de interação que ele promove etc. “O algoritmo é aperfeiçoado diariamente. Ele vai sendo refinado”, informa Magrani.

Em breve o Pegabot contará com o “botômetro”, um mecanismo para estimar a quantidade de bots que giram em torno de uma determinada figura pública, separando aqueles que atuam para promovê-la daqueles que existem para atacá-la.

“Nosso objetivo é dar mais transparência no uso de bots, principalmente para fins políticos. Estamos às vésperas da campanha eleitoral. Os bots mandam 10 tweets por segundo. O Pegabot é uma forma de empoderar os cidadãos, os jornalistas etc. Poderemos descobrir, por exemplo, quantos bots estão em torno de uma personalidade pública. Assim entenderemos melhor o poder de influência dos bots”, acrescenta Magrani.

Outra novidade que será adicionada ao site em breve é a publicação de artigos sobre o tema.