A Mozilla confirmou na última terça-feira, 8, o fim do sistema operacional Firefox OS para smartphones. Em nota publicada em seu site, a organização disse que não deve mais criar ou vender smartphones com o OS, mas deve usar sua tecnologia para desenvolvimento de aplicações destinadas à Internet das Coisas (IoT).

Lançado em 2013, o sistema apresentou-se ao mercado como uma solução de baixo custo para usuários de países emergentes, com smartphones entre US$ 25 e US$ 50. Fabricantes como ZTE, Huawei e Alcatel apostaram na iniciativa, além das operadoras Deustche Telekom, KDDI, QTel, Telecom Italia e Telefónica. Para todos eles, o Firefox OS parecia ser uma alternativa para enfrentar oi duopólio da Apple e do Google no mercado de smartphones.

Análise

Apesar do apoio internacional com nomes de peso e de ser baseado em HTML5, o que facilita o desenvolvimento de apps, pois é a mesma linguagem de programação na web, o Firefox OS não consegiu vencer seu principal obstáculo: a construção de um catálogo atraente de aplicativos. Os títulos mais populares continuam restritos aos universos Android e iOS, o que afastou os consumidores, por mais baixo que fosse o preço do handset. Este é também o principal problema enfrentado pelo Windows Phone.

Para os desenvolvedores, quanto mais versões diferentes de sistemas operacionais forem adotadas, maior o trabalho e o custo. A cada atualização de uma plataforma, é preciso fazer ajustes. Isso representa investimento em força de trabalho especializada para cada sistema operacional. Logo, aqueles sistemas com bases pequenas de usuários acabam negligenciados. É uma círculo vicioso: quanto menos usuários, menos desenvolvedores interessados em criar apps, e quanto menos apps, menos usuários.

Outro fator que prejudicou o Firefox OS foi o contínuo barateamento dos smartphones Android, conforme a plataforma do Google ganhou escala. A diferença de preço deixou de ser significativa entre os dois sistemas.

Histórico

O Firefox OS não é o primeiro sistema operacional móvel a ter sua morte decretada. Antes dele, faleceu o Symbian e o MeeGo, da Nokia, além do Palm OS. O próximo da lista será o BlackBerry, agora que a fabricante canadense decidiu aderir ao mundo Android. E dúvidas pairam no ar sobre o Windows Phone desde o seu nascimento. A diferença é que no caso deste há uma gigante do software por trás disposta a investir ainda muito dinheiro em sua aventura móvel, a Microsoft. O mesmo vale para o Tizen, da Samsung. Enquanto isso, outros sistemas de menor porte resistem bravamente enquanto buscam nichos de mercado que justifiquem a sua existência, como Ubuntu e Jolla.

Nas projeções da IDC para o ano completo de 2015, Android domina amplamente, com 81,2% dos smartphones distribuidos ao varejo mundial, seguido pelo iOS (15,8%) e pelo Windows Phone (2,2%). O Firefox está escondido em "outros", com apenas 0,8% do mercado.