Em poucos anos de vida a espanhola Gigigo se tornou uma das principais desenvolvedoras de apps móveis de grandes marcas na Espanha e no México, conquistando entre seus clientes empresas como Coca-cola e o programa de fidelização Clube Vips, que engloba redes como Starbucks e TGI Fridays na Espanha. Mesmo tendo sido cobiçada para compra pela Telefônica, optou por se manter independente e começar a se expandir internacionalmente. Seu primeiro passo foi o México, dois anos atrás, com um contrato com a Coca-cola. Agora, sua nova aposta é o Brasil. Já conseguiu contratos importantes por aqui, com Itaú e Santander, por exemplo. Sua expectativa é de lançar quatro grandes projetos no País ainda este ano.

A Gigigo se diferencia de outros desenvolvedores por se aprofundar na elaboração e no acompanhamento de cada projeto de seus clientes. "Não somos uma fábrica de software. Somos uma boutique (de apps móveis)", diz Javier Díaz, sócio e diretor de desenvolvimento de negócios da Gigigo, que esteve em São Paulo na semana passada para assistir ao Tela Viva Móvel. Sua proposta é executar poucos projetos, mas todos de grande porte. A empresa presta consultoria para o cliente desde o desenho do projeto, depois cuida do seu desenvolvimento e, por fim, participa do acompanhamento após o lançamento, alongando o ciclo de vida do app. "Geramos relatórios de como está sendo usado cada app. Incluímos SDKs de métricas e de crash. Analisamos os dados coletados e o feedback dos usuários para aperfeiçoar o aplicativo. Se for para lançar e largar, é jogar dinheiro fora", resume Díaz.

Os projetos com a Coca-cola servem de exemplo do posicionamento da empresa. No México, lançaram um app que serve de canal para as promoções de todas as marcas de refrigerantes do grupo. Antes cada uma trabalhava canais digitais separadamente e não havia uma análise conjunta, nem cruzamento de dados: era como se fosse montado um CRM separado a cada promoção de cada produto. O aplicativo, batizado de Destapp, resolveu o problema. Em poucos meses conquistou 200 mil usuários ativos por mês. A interatividade de todas as promoções no México agora passa pelo Destapp. E novas funcionalidades são adicionadas recorrentemente, como realidade aumentada e reconhecimento de áudio, o que ajuda a manter o engajamento da base. A Coca-cola passou a entender a interseção nas bases de consumidores entre seus diferentes produtos e a conhecer mais sobre o perfil de cada um – 105 mil deles preencheram o cadastro do app, enquanto o restante optou pelo login via Facebook. O sucesso fez com que a Coca-cola decidisse levar o Destapp para outros 11 mercados do Caribe e da América Central, além de Venezuela e Colômbia. Há conversas com a Coca-cola Brasil, mas nada fechado até o momento.

Outro projeto de destaque foi o desenvolvimento de um app de transporte público para relógios conectados em Madri, no qual o passageiro pode consultar o horário em que seu ônibus chegará ao ponto e também ser alertado com uma vibração no pulso um pouco antes do seu destino.

Brasil

A Gigigo espera repetir no Brasil o sucesso que teve no México, onde seu escritório agora conta com 50 funcionários. "Dois anos atrás, o mercado mexicano estava muito verde. Poucos clientes queriam investir em mobilidade e achavam que desenvolver um app custaria US$ 1 mil. De lá para cá isso mudou. Hoje eu diria que os apps no México estão no máximo seis meses atrás da Europa e dos EUA, em termos de funcionalidades", comenta Díaz.

O Brasil, porém, está mais atrasado que o México, na opinião do executivo. "Aqui o mobile marketing ainda é visto como envio de SMS. No Brasil há clientes muito grandes, multinacionais, que têm equipe digital numerosa mas que cuida apenas das contas no Facebook e no Twitter, sem nada de mobilidade. Isso me surpreendeu", relata.

A crise econômica não preocupa Díaz. Ele lembra que a Espanha passou por um período difícil entre 2007 e 2012 e a Gigigo nunca deixou de crescer, mesmo com a redução do orçamento digital de algumas grandes marcas. O faturamento da empresa em 2014 foi de 6 milhões de euros, com 1 milhão de euros de lucro. A expectativa é de alcançar 8,5 milhões de euros este ano, com 1,6 milhão de lucro.