Até o final do ano o Banco Central (BC) deve definir o desenho de como funcionará o sistema brasileiro de pagamentos Peer to Peer (P2P). Essa é a expectativa de alguns atores do mercado que estão participando de um grupo de trabalho coordenado pelo BC sobre o tema. Cerca de 60 empresas participam do grupo, entre bancos, bandeiras de cartões, fintechs etc.

Na opinião de João Pedro Paro Neto, presidente da Mastercard para o Cone Sul, o melhor caminho seria adotar uma plataforma única e neutra, gerenciada por múltiplos players, e que permita a realização de transferências por quaisquer canais a qualquer hora do dia (24×7). Além disso, é fundamental que seja um sistema interoperável entre os canais e os diversos modelos de negócios. “Não acredito que um modelo fechado (closed loop) vá funcionar. Acredito mais na interoperabilidade e em soluções que possam convergir. Não dá para imaginar que alguém sozinho vai resolver todos os problemas”, comentou Paro Neto, durante palestra na Ciab, em São Paulo, nesta terça-feira, 12.

Condições

O Brasil possui escala em todos os segmentos envolvidos no tema, sejam bancos tradicionais, bandeiras de cartões, fintechs, redes sociais, apps de mensageria etc. O potencial é considerado enorme. Vale lembrar que no País existe um caixa eletrônico para cada 10 mil pessoas e 9 mil celulares para cada 10 mil pessoas.

Nesse contexto, o próximo passo é a definição da regulamentação. Esta é condição essencial para que o mercado de transferências P2P deslanche, opina Fabiano Funari, vice-presidente sênior da Wipro. O executivo destaca também a necessidade de se construir uma “confiança digital” junto ao consumidor, com base em soluções de biometria, assinatura digital etc. “A confiança digital é chave nesse processo”, comentou.