O Easy Taxi decidiu que vai concorrer diretamente com o Uber X, oferecendo um serviço de transporte de passageiros em carros particulares, ou seja, com motoristas que não precisam ter licença de táxi. O serviço, batizado como EasyGo, já era oferecido pela empresa em outros países, como Peru, Colômbia e México, e chegará nos próximos dias em São Paulo, primeira cidade brasileira a regulamentá-lo. Desde segunda-feira passada o EasyGo já aceita o cadastro de motoristas interessados, através deste link.

"Sempre trabalhamos de acordo com a regulamentação. Estamos lançando em São Paulo porque o prefeito liberou o mercado. Senão, não o faríamos", explica Fernando Matias, diretor geral da Easy Taxi no Brasil. Com o lançamento, a Easy Taxi passa a competir com três serviços com faixas de preço e qualidades diferentes: EasyGo (carros particulares), Easy Taxi (taxis comuns) e EasyPlus (carros de luxo).

O custo da corrida no EasyGo será entre 35% e 40% mais barata que aquelas feitas em táxis comuns. Não haverá preço dinâmico, o que pode ser uma vantagem sobre o Uber, já que o passageiro não corre o risco de pagar caro por uma corrida dependendo da hora do dia. "Isso gera uma confiança maior para o passageiro", avalia Matias.

Modelo de negócios

O EasyGo aceitará corridas em todas as formas de pagamento, dentro ou fora do aplicativo: dinheiro, cartão através de máquina de POS do motorista ou cartão de crédito dentro do aplicativo. Em todas as corridas será cobrada do motorista uma taxa de 20% sobre o valor final pago pelo passageiro. Para pagar essa taxa, os motoristas terão que comprar créditos na web, em um sistema pré-pago que será montado pela empresa. A cada aquisição de créditos, o motorista receberá um código para inserir no aplicativo. Ao fim de cada corrida, a taxa de 20% será descontada dos seus créditos. Quando o passageiro pagar in-app, a taxa será descontada do valor pago. Caso o motorista não tenha crédito suficiente para pagar a taxa ao fim de uma corrida, a diferença será descontada da próxima vez que ele comprar créditos. Até lá, o motorista será temporariamente bloqueado para receber corridas com pagamento fora do app, ficando restrito àquelas com pagamento in-app. Para efeito de comparação, o Uber cobra hoje 25% sobre o valor das corridas.

Automóveis

O EasyGo aceita qualquer carro, desde que tenha freios ABS, quatro portas, ar condicionado, rádio/mp3 e tenha sido fabricado a partir de 2011. Os automóveis passam primeiro por uma vistoria e precisam estar em boas condições internas e externas, além da revisão mecânica em dia, informa a página de cadastro.

No formulário, a Easy Taxi solicita que o interessado informe se o EasyGo será sua principal fonte de renda ou apenas uma fonte extra. Os motoristas também precisam informar se pretendem trabalhar em dias de semanas ou fins de semana e em quais períodos do dia (manhã, tarde e/ou noite).

"Não vamos sair cadastrando a mesma quantidade de motoristas que o Uber cadastrou. Queremos ter maior governança sobre a base e garantir uma qualidade superior e que seja percebida pelo passageiro", diz o executivo. Para estimular os motoristas, a empresa planeja oferecer uma série de benefícios no futuro, incluindo pacotes de dados móveis mais baratos, negociados em larga escala pela companhia com as operadoras.

Análise

Nos últimos meses, Easy Taxi e 99 vêm sofrendo com a intensa competição do Uber, especialmente na modalidade Uber X, cujos preços são mais baixos que aqueles cobrados pelo taxímetro comum. O lançamento do EasyGo é bom também para os motoristas do Uber X, que passarão a ter mais um app para receberem corridas. Desta forma, será comum encontrar motoristas desse tipo de serviço operando com vários aplicativos simultaneamente, tal como já fazem os taxistas no seu dia a dia.

A tendência é que o mercado brasileiro de transporte particular de passageiros nas grandes cidades se consolide em três faixas bem segmentadas de serviço, que variam em preço e qualidade. A primeira é a de motoristas amadores, sem licença de táxi, em carros comuns, muitos deles trabalhando nas horas vagas para gerar uma renda extra. O valor da corrida é menor, mas a qualidade pode deixar a desejar, além de os carros não gozarem de benefícios dos táxis licenciados nas ruas, como transitar em corredores exclusivos. A faixa intermediária é a dos taxistas, todos motoristas profissionais, com licença da prefeitura, carros devidamente caracterizados e um preço intermediário. Por fim, existe a faixa dos carros de luxo, com ou sem placa de táxi, mas com tarifas mais caras, como Uber Black, EasyPlus e 99Top. É possível ainda identificar uma quarta variação, que é a do compartilhamento de corridas, como nos serviços Uber Pool e Easy Share. O valor da viagem fica ainda mais baixo para o passageiro, mas este divide o carro com estranhos e pode levar mais tempo para chegar ao seu destino.