Com queda de 13,4% no comparativo anual, o mercado de smartphones no Brasil encerrou 2015 com o primeiro resultado negativo em volume de vendas em cinco anos, segundo informou estudo da IDC Brasil divulgado nesta segunda-feira, 14. No ano passado foram vendidos pouco mais de 47 milhões de aparelhos, contra 54,5 milhões em 2014. O cenário não foi muito melhor para os feature phones, que registraram queda de 74% (4,2 milhões de unidades comercializadas).

Os números relativos às quantidades de unidades vendidas haviam sido adiantados por este noticiário no começo de fevereiro. Agora, a IDC abriu mais detalhes, como o preço médio dos aparelhos. Apesar na queda do volume, o mercado de smartphones não saiu no prejuízo em 2015. Mesmo vendendo menos, houve crescimento de 1,2% na receita graças ao aumento de 17% no tíquete médio dos dispositivos, que saltou de R$ 750 para R$ 880 no período estudado. A empresa não divulgou o valor total da receita do mercado nacional.

Na avaliação do analista de pesquisas da IDC Brasil Leonardo Munin, esse aumento da receita não é explicado pelo preço mais alto cobrado pelos fabricantes. "Em 2015, houve uma mudança no comportamento dos consumidores, que passaram a investir em celulares mais caros", disse ele em comunicado da empresa. Segundo Munin, o cenário macroeconômico acabou impactando principalmente com a alta do dólar, que afeta também os aparelhos fabricados no País, já que os insumos são importados. Assim, ele justifica que as empresas precisaram fazer "de três a quatro repasses nos preços dos aparelhos".

Várias empresas aumentaram o preço dos seus smartphones no ano passado, mesmo aqueles das gamas baixa e média. O Moto G, por exemplo, custava em média R$ 790 em agosto do ano passado, e agora sai a R$ 950. Os dados são dos mecanismos de comparação de preços dos sites Zoom e Buscapé. No lançamento da versão 2014, o preço sugerido pela Motorola era de R$ 699, e em 2015 era R$ 899. O analista da IDC ressalta, por outro lado, que o ciclo de vida dos aparelhos, que seria de um ano e meio, agora está em cerca de dois anos, o que também estaria afetando a venda dos novos handsets e fazendo com que o consumidor demorasse mais para trocar de celular.

Brasil ainda é o quarto no mundo

Considerando somente o quarto trimestre do ano passado, o mercado de smartphones no Brasil caiu 32%, com 11,6 milhões de produtos vendidos. Ainda de acordo com a avaliação de Munin, foi o último trimestre mais fraco desde 2013, o que fez com que o período de janeiro a março tivesse uma média melhor no ano.

O mercado brasileiro representou 34% das vendas totais de aparelhos na América Latina no ano passado, contra 42% em 2014. Mundialmente, foi de 3,4%, contra 4,4% no ano anterior. Mesmo com a queda na participação, a IDC afirma que o País é o quarto maior consumidor de smartphones em número de unidades, perdendo apenas para China, Estados Unidos e Índia. Para 2016, a IDC prevê uma retração de 13% no mercado nacional, com cerca de 41 milhões de aparelhos vendidos.