A Visa atua em duas frentes para capitalizar o enorme potencial do mercado de m-payments do Brasil, tendo em vista os grandes eventos que serão realizados no país nos próximos anos. As apostas da empresa são duas: por um lado, o lançamento do Visa PayWave, solução de pagamentos por proximidade, através de smartphones equipados com tecnologia NFC; por outro, a ampliação do mercado de recargas de celulares pré-pagos e micropagamentos.

A implementação da tecnologia NFC no Brasil é o ponto culminante de um mapa de trabalho que já vem sendo implementado pela empresa que começou com a adoção de cartões de tarja, evoluiu para os cartões com chip e senha (que já são mais de 100 milhões no Brasil) e chega hoje no sistema de compras por tecnologia de contato, o qual está sendo chamado comercialmente pela empresa de Visa PayWave. O novo sistema leva, na prática, o cartão de crédito para dentro do smartphone do usuário. Para pagar suas compras, o consumidor apenas aproximará o seu smartphone equipado com NFC de máquinas de pagamento adaptadas a essa tecnologia, com o valor da compra sendo debitado diretamente de sua fatura de cartão de crédito. Para os usuários mais tradicionais, haverá também a opção de utilizar o NFC por meio de um cartão similar àqueles de crédito atualmente existentes que poderá ser passado (tal qual um crachá de acesso) em qualquer máquina equipada com a tecnologia de contato.

A empresa vem trabalhando desde 2008 na implementação dessa tecnologia, que envolve o trabalho conjunto com bancos, fabricantes, operadoras de telecomunicação e lojistas. Segundo Marcelo Sarralha, diretor de produtos da Visa no Brasil, o projeto vem progredindo rapidamente, e dentro de um a dois anos a tecnologia já deve estar em plena operação. Segundo o executivo, há mais de quatro bancos prontos para operar com NFC. Do lado das fabricantes, empresas como a RIM já comercializam modelos equipados com a tecnologia (como os novos BlackBerry Curve e Bold). O maior desafio parece residir na instalação de máquinas nos estabelcimentos comerciais, trabalho custoso e demorado, mas que o diretor garante que deve estar concluído entre um e dois anos. Um dos maiores objetivos desse trabalho é dotar o país de infra-estrutura de consumo para atender aos milhares de turistas esperados para a Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016, ambos os eventos patrocinadas pela Visa.

No que diz respeito à adaptação dos celulares a essa nova tecnologia, a Visa aposta suas fichas em duas possibilidades. Uma primeira seria a compra de smartphones já equipados de fábrica com NFC. Um segundo meio seria o uso de um cartão microSD com NFC embutido (o que tornaria qualquer smartphone com entrada para microSD capaz de utilizar os serviços). Para a primeira opção, será necessário também trocar os SIMcards por uma versão com um elemento seguro. De acordo com Sarralha, fabricantes locais de chips estão preparados para produzi-los e alguns modelos já até foram homologados por operadoras brasileiras.

Uma outra característica interessante do novo produto é sua interoperabilidade com a rede Visa em todo o mundo. Dessa forma, o brasileiro portador de celular equipado com NFC poderá usá-lo para comprar pelo sistema em qualquer país onde haja máquinas capazes de suportar a tecnologia.

Recargas

O segundo alvo da Visa no ramo de pagamentos móveis é o mercado de recarga de celulares pré-pagos e micropagamentos móveis. Atualmente, estima-se em 200 milhões o número de celulares pré-pagos existentes no Brasil, originando um mercado total de recargas que movimentou aproximadamente R$ 27 bilhões no país em 2010. Contudo, hoje em dia, apenas 7% das recargas de celulares são feitas com cartão de crédito, havendo, segundo Sarralha, enorme potencial para crescimento nesse mercado.

Atualmente, o portador que deseja recarregar seu pré-pago remotamente pode fazê-lo via celular, vindo o valor debitado na sua conta de cartão de crédito. Mas a empresa planeja disponibilizar uma segunda forma de recarga remota, em que a compra será feita pelo cartão de crédito via internet. Esse é um sistema que vem sendo desenvolvido pela Visa em parceria com as operadoras de telefonia móvel – Claro, Oi, TIM e Vivo – e mais de 20 instituições financeiras, e que já se encontra em fase final de testes, devendo estar em breve disponível como opção ao consumidor.

Estabelecida essa tecnologia para o serviço de recargas pré-pagas, a empresa aposta em sua ampliação para abarcar o consumo de outros bens: além de créditos telefônicos, o usuário poderá usar o seu celular para comprar toda uma série de produtos, que podem ir desde simples wallpapers até vídeos e músicas em formato mp3, ou mesmo para o pagamento de serviços, tudo com o billing sendo feito na própria conta de cartão de crédito do usuário. “Esse é um sistema que vai revolucionar o mercado de compras no Brasil”, aposta Serralha.