Há várias soluções de segurança e privacidade para smartphones baseadas em software, seja na forma de apps ou de uma análise de dados por servidores na nuvem. Nada garante, contudo, que o telefone onde esteja instalado o app não tenha fragilidades de segurança que reduzam a efetividade de tais soluções. O projeto Blackphone tenta contornar essa preocupação ao unir hardware e software em prol da segurança e privacidade na comunicação de seus usuários. Trata-se de um smartphone Android desenhado especificamente para segurança, unindo a experiência da suíça Silent Circle com apps de privacidade àquela dos espanhóis da GeeksPhone em desenvolvimento de smartphones. O produto será apresentado durante o Mobile World Congress, semana que vem, em Barcelona, quando iniciará também seu processo de pré-vendas. O preço e as especificações ainda não foram detalhadas. No site do projeto é dito apenas que o produto custará menos que o iPhone 5S e poderá ser comprado por pessoas de qualquer canto do mundo, através de um loja on-line.

O Blackphone traz uma versão de Android chamada PrivatOS criada para proteger ao máximo as informações transmitidas por seus usuários. Em vez de um monte de apps de conteúdo e redes sociais embarcados, o Blackphone traz apenas títulos relativos a segurança, a maioria deles criados pela Silent Circle. Um deles é o Silent Phone, que permite a realização de chamadas VoIP criptografadas com outro aparelho que tenha o mesmo app. Outro é o Silent Text, que criptografa a troca de mensagens, arquivos, vídeos e fotos, também entre usuários da solução, pro meio de uma VPN (rede virtual privada). Os dois apps demandam conexão de dados, seja Wi-Fi ou rede celular. As atualizações do PrivatOS serão feitas através de uma solução SOTA (secure over the air), pelos fabricantes.

O telefone não requer que seu dono informe uma conta do Google, mas, se este quiser acessar a Google Play, terá que fazê-lo e passará a ficar visível para a gigante norte-americana, ressaltam os criadores do Blackphone. Sobre a escolha do Android como sistema operacional, é dito o seguinte no site do projeto: "Achamos que o Android é a melhor opção para um produto desse gênero, por ter sido intensamente examinado em todo o mundo por especialistas de diversas áreas.  Construir um sistema operacional móvel sob medida, a partir do zero, seria muito mais complexo e arriscado, e perderíamos o benefício de todo o conhecimento acumulado sobre o Android que já está disponível."

O Blackphone tem seus componentes escolhidos criteriosamente para que funcionem da melhor e mais segura maneira com os apps embarcados, mas não são de fabricação própria. A Silent Circle reconhece que isso pode ser um problema, mas ressalta que não encontrou nenhum backdoor nos componentes escolhidos. Na seção de perguntas frequentes, em seu site, os criadores do projeto deixam claro que o Blackphone não é infalível e que não podem garantir que agências de espionagem jamais vão capturar os dados de seus usuários. Pelo visto, Edward Snowden terá que esperar um pouco mais para voltar a usar um celular.