Após assumir o projeto de smart city em Águas de São Pedro (SP), agora sob gestão da própria prefeitura, a fornecedora de soluções para cidades inteligentes Tacira espera continuar expandindo. Além do município do projeto originalmente da Telefônica, a empresa atua nas cidades paulistas de Itatiba, onde conta com fornecimento de Wi-Fi e analytics, e em Valinhos, onde implanta uma  solução de praça inteligente (chamada pela companhia de "smart place"), mas ainda não lançada. O objetivo é atingir mais localidades em São Paulo, além de Minas Gerais e na Região Sul. "A gente quer fechar o ano com pelo menos dez cidades inteligentes", explicou o CFO da Tacira, Bruno Musa, a este noticiário.

Por enquanto, a escolha de municípios no Sul e Sudeste é "questão de estratégia", já que há uma demanda forte nessas regiões. "A gente vê demanda crescente em projetos de integração de soluções digitais e inteligentes, até maior do que a gente estimava inicialmente", afirma Musa. Ele diz que há ainda a janela do período eleitoral em outubro, que deverá promover algumas trocas de administrações.

O CFO espera também que a recente ênfase do governo do presidente interino Michel Temer em parcerias público-privadas (PPPs) pode ajudar a impulsionar o setor com mais incentivos e segurança jurídica para prazos longos de concessões. "A gente acredita que o modelo de PPPs vai finalmente ser destravado a partir do ano que vem", diz. Em geral, ele enxerga um mercado reaquecido também pela necessidade de economias e melhora de eficiência de serviços públicos. "A gente acredita principalmente em uma primeira fase de explosão para o mercado de utilities, eficiência energética, água e luz, além de saúde. Ai você consegue atender pacientes remotos fora do hospital de maneira segura, medindo a educação para ter mecanismos para próprios alunos estarem disponíveis e conectados tanto na escola quanto em casa", explica. Para o executivo, a administração pública têm procurado a Tacira com objetivo "muito claro" de inclusão digital como motor de transformação de economia do próprio município.

Smartcampus

O CFO da Tacira cita recente parceria com o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), com quem está criando um campus inteligente na cidade de Santa Rita do Sapucaí (MG) para habilitar a rede para novos serviços que utilizem a rede como meio de transporte. A ideia é poder mostrar como operadoras e concessionárias podem aproveitar o potencial de receita acessória da Internet das Coisas. "O smartcampus está totalmente alinhado a isso, fornecer mais infraestrutura e possibilidade para a massa de alunos da Inatel poder empreender e usar como ponta de lança."

A companhia também trabalha em cima do projeto de arquitetura de rede da Inatel, o NovaGenesis, voltado à aplicações de IoT. A ideia é fornecer uma rede baseada em contexto, captando não o sensor em si, mas o serviço que presta. Entre as tecnologias utilizadas estão a de Bluetooth de baixo consumo energético (Bluetooth L.E.), ZigBee, Xbee e 6LowPAN.

Experiência

O projeto em Águas de São Pedro, diz Bruno Musa, continua firme – a Tacira atua nas áreas de educação, saúde e iluminação pública, enquanto a Huawei continua focada em segurança e a conectividade é ainda fornecida pela Vivo. O projeto de estacionamento inteligente está sendo gerido diretamente pela prefeitura, e a ISPM – companhia do mesmo Grupo Ceres, da Tacira – mantém sistemas de garantia de integração de serviços e Wi-Fi nas escolas.

A engenheira da área de projetos ambientais da Tacira, Juliana Limonta, explica que a capacitação profissional para a área de educação dá prosseguimento à parceria entre a Fundação Telefônica e o Instituto Tellus da primeira fase do projeto de smart city no município paulista. "Na segunda fase, a Tacira desenvolve as soluções de edução, que são o diário de classe, análise de frequência de aluno e conteúdo programático", declara. Essas soluções estão em desenvolvimento e deverão ser implantadas nos próximos meses, com as soluções de engajamento de comunicação e capacitação em conjunto.

A abordagem acontece em paralelo com o projeto de prontuário eletrônico e identificação biométrica na área de saúde. "Queremos quantificar corretamente os atendimentos para a população de Águas de São Pedro e das cidades vizinhas, porque isso vai otimizar e fazer com que (o atendimento) fique de forma mais eficiente", explica Bruno Musa, ressaltando que as aplicações de smart city também permitem o crescimento do índice de desenvolvimento humano (IDH) do município.