A popularização de cursos de idiomas que usam o celular como interface não preocupa as escolas tradicionais de língua estrangeira existentes no Brasil. Executivos do setor enxergam os serviços de educação móvel como complementares às aulas presenciais, não como competidores. "Entendemos que o m-learning é bom para quem já tem algum conhecimento do idioma e deseja relembrar", comenta Marcelo Barros, diretor de educação do CNA. E acrescenta: "conduzimos pesquisas frequentes com nossos franqueados e esse tema nunca foi apontado como uma preocupação."

Para Elvio Peralta, diretor superintendente da Fundação Fisk, que detém a marca PBF de rede de escolas de inglês e espanhol para crianças, os cursos on-line, sejam na web ou no celular, são mais atraentes para adultos com limitações de horário e pouca disponibilidade para fazer aulas presenciais. "Para o público infantil ou adolescente não vemos como um concorrente. Esse público preferencialmente frequenta cursos presenciais", diz Peralta. Ele ressalta que qualquer curso demanda requer algum grau de monitoramento, mesmo aqueles totalmente à distância. Senão, o aluno precisa ser um autodidata extremamente disciplinado para conseguir aprender.

Blended learning

Todos concordam, entretanto, que é importante os cursos presenciais se modernizarem, incluindo atividades em meios digitais, até como uma forma de atrair os alunos mais jovens. A maioria das grandes redes de escolas de idiomas que atuam no Brasil já possuem ferramentas on-line, seja na web ou no celular. É o caso da CNA, que reformulou todo o seu material pedagógico para incluir interatividades móveis e lançou 18 apps. A PBF, por sua vez, trocou o livro dos seus alunos do primeiro semestre de inglês por outro com QR codes que levam a atividades integradas à sua plataforma web (veja as matérias relacionadas abaixo).

Existe inclusive um termo que está na moda no meio educacional para descrever cursos que misturam atividades remotas on-line e presenciais: "blended learning". "O adulto pode aprender à distância mas precisa de contatos periódicos para tirar dúvidas", explica Peralta, da PBF. "No aprendizado de inglês como língua estrangeira, se não houver uma experiência de interação social, fica complicado: a aprendizagem se torna limitada e lenta", comenta Barros.

Levantamento

Em levantamento inédito feito por MOBILE TIME junto a operadoras móveis e fontes do setor de serviços de valor adicionado (SVAs), foi contabilizado que há hoje 12,5 milhões de "estudantes móveis" no Brasil, isto é, pessoas realizando algum curso via celular.

As entrevistas com Barros e Peralta foram feitas à época das matérias sobre a estratégia mobile das duas redes de escolas, publicadas em março e abril deste ano, respectivamente. Os trechos sobre a competição com m-learning foram guardados para quando ficasse pronto o referido levantamento, que já vinha sendo negociado com as teles.