A desenvolvedora brasileira Hive projeta faturar R$ 2,5 milhões com chatbots em 2017. A empresa lançou há dois meses uma plataforma para a criação de bots, batizada de Beebot, que já está sendo usada para a construção de chatbots para seis marcas. A expectativa é de que 25 sejam lançados até dezembro, a maioria deles em caráter temporário, para uso em promoções, mas alguns permanentes. Os nomes das primeiras marcas a experimentarem bots com tecnologia da Hive não podem ser revelados, mas vale lembrar que a empresa tem em sua carteira de clientes companhias como Ambev, P&G e Itaú.

Mitikazu Lisboa, CEO da Hive, enxerga demanda para três funcionalidades principais com bots: atendimento ao consumidor (SAC), apoio a promoções online e geração de leads. Ele acredita que 70% dos robôs construídos com a sua plataforma inicialmente servirão para SAC.

"O custo do SAC (por telefone) é caro. E o serviço com humanos é ruim. O bot está conectado diretamente com o banco de dados da empresa. Quando o consumidor escreve 'oi', o bot já sabe quem é. O humano ainda tem que perguntar o CPF para encontrá-lo no sistema", compara. Segundo Lisboa, a demanda neste momento tem vindo do lado de marcas de bens de consumo, mas também, surpreendentemente, de construtoras e imobiliárias.

A plataforma da Hive processa linguagem natural e conta com inteligência artificial para aprender novas palavras e expressões com o passar do tempo, aperfeiçoando sua compreensão. Além disso, pode funcionar em qualquer interface. A princípio, deve ser mais utilizada dentro do Facebook Messenger e dos próprios sites dos clientes. "Não vejo futuro em bots que funcionem em apenas uma plataforma", declara.

A Hive vai cobrar uma taxa de set-up para a construção de cada bot e um preço por cada interação.

Bots Vs Apps

O executivo aposta que os bots vão substituir boa parte do que hoje é feito com apps, por serem mais baratos e mais práticos. "Os apps já estão perdendo muito terreno (65,5% de todos os usuários de smartphone dos EUA, por exemplo, não baixaram um app sequer nos últimos 30 dias), e o custo de aquisição de um novo usuário é exorbitante. Some-se a isso uma taxa de retenção mensal de menos de 4%, e o resultado é um modelo de negócio insustentável para quem não tem um grande blockbuster nas mãos. O natural é que as coisas aconteçam dentro dos apps que as pessoas já usam e as plataformas de chat com certeza são o principal caminho para isso", avalia. E completa: "Não faz sentido baixar um app para pedir uma pizza. No Japão, as pessoas abrem o Line (app japonês de comunicação instantânea) e pedem."