Com 250 milhões de usuários ao redor do mundo, o Shazam é um dos mais populares aplicativos móveis. Sua função original é reconhecer músicas que estão tocando no ambiente ao redor do telefone: aperta-se um botão e, depois de "escutar" por 15 segundos, o app responde que música é aquela. O resultado é acompanhado por um link para compra da música em lojas virtuais como iTunes e Amazon. Por muito tempo, a principal receita do Shazam foi uma comissão paga por tais lojas a cada música vendida através do app (atualmente o Shazam registra 10 milhões de utilizações e 100 mil músicas vendidas por dia no mundo). Em entrevista por telefone para MOBILE TIME, o vice-presidente de marketing do Shazam, David Jones, revela que a empresa está explorando uma nova fonte de receita que muito em breve será a sua principal: a interação com anúncios televisivos.

A novidade foi lançada há 18 meses nos EUA e desde então se espalhou por mais nove países (Canadá, França, Reino Unido, Alemanha, Espanha, Itália, Bélgica, Austrália e Nova Zelândia). Mais de 140 campanhas já usaram o Shazam como canal de interação, dentre as quais Pepsi, Toyota, Smirnoff e Sony. A Procter & Gamble sozinha usou o Shazam em oito campanhas diferentes. Já houve adoção em anúncios voltados para o público hispânico nos EUA, exibidos no canal Telemundo. "É questão de tempo para levarmos esse serviço para a América Latina", diz Jones.

Para o consumidor final, a interação funciona de maneira idêntica ao reconhecimento de uma música. Basta clicar no botão do Shazam enquanto assiste ao anúncio. O app vai reconhecer o áudio da propaganda e abrir uma página especial com informações e conteúdos adicionais escolhidos pelo anunciante. Ou seja, o Shazam faz as vezes de um QR code em propaganda de revista, só que através de reconhecimento de áudio. Para incentivar a interação, os anúncios expõem no canto da tela uma mensagem como "Shazam now" ou "Shazam to Learn More", como em exemplos da Absolut Vodka e da T-Mobile. Em inglês "Shazam" está virando um verbo para se referir ao uso do aplicativo móvel homônimo.

A empresa cobra uma taxa fixa por campanha, de acordo com seu número de impressões. O valor mínimo é de US$ 75 mil. "Essa é a nossa fonte de receita que mais cresce atualmente e logo será a mais importante da companhia", relata Jones.

TV

Somando-se à interação com anúncios televisivos, o Shazam informou esta semana que agora consegue reconhecer o áudio da programação de 116 canais da TV norte-americana. E o mais impressionante: isso é feito em tempo real. Ou seja: ao contrário de como acontece com as músicas, os canais de TV não repassam o conteúdo antecipadamente para o data center do Shazam. Este, na verdade, faz um monitoramento da programação em tempo real, através da qual consegue responder às solicitações de identificação feitas pelos telespectadores pelo app. Como resultado dessa busca, o Shazam oferece conteúdos adicionais sobre o programa, como notícias das celebridades que nele aparecem, compra de músicas da trilha sonora etc. De acordo com Jones, esse serviço será expandido para outros países, mas o cronograma ainda não foi fechado. "Começaremos pela Europa Ocidental e a tendência é levar depois para o resto do mundo", afirma.

Apesar das investidas na área de TV, o executivo faz questão de frisar que isso não significa um descaso com a área musical. "Ainda investimos muito em música, pois é o canal pelo qual as pessoas descobrem o Shazam. A TV é uma extensão do nosso negócio e não substitui a música", explica.

O Shazam é capaz de reconhecer 21 milhões de músicas. Muitas gravadoras enviam por conta própria seus lançamentos para constar no acervo do Shazam, mas a empresa tem também um time de profissionais que busca por novas canções em vários países.

Jones evita divulgar uma projeção precisa de crescimento da base de usuários, mas revela que 2 milhões de novas pessoas baixam o app por semana. "Logo chegaremos a meio bilhão de usuários", espera.