O Brasil é o destaque na edição deste ano da pesquisa internacional realizada pelo MEF sobre comércio móvel. Dentre os 15 países participantes, o Brasil foi o que registrou maior crescimento em compras através do celular. O percentual de brasileiros usuários de mídia móvel que realizaram pelo menos uma compra através de celulares, smartphones ou tabletes nos últimos 12 meses subiu de 49% para 61%, na comparação com o levantamento de 2013. A média mundial ficou praticamente estagnada, subindo de 65% para 66%. A pesquisa considera tanto a compra de bens digitais quanto de bens físicos. Foram entrevistadas 15 mil pessoas em 15 países de cinco continentes.

Também foram registrados crescimentos significativos em outros mercados emergentes, como a Indonésia, que subiu de 69% para 79%. Na Índia e na China houve aumentos de 5 pontos percentuais. Por outro lado, mercados desenvolvidos registraram quedas. Na Europa, houve diminuição de 6 pontos percentuais e nos EUA, de 2 pontos. A hipótese levantada pelo chairman do MEF, Andrew Bud, para a queda nos países desenvolvidos é a de que as pessoas não estão mais se dando conta de que certas transações que realizam são móveis, como uma compra pelo app da Amazon ou uma chamada de um carro pelo Uber, de tão integrado e transparente que esses processos se tornaram em suas vidas. A pesquisa revelaria, portanto, uma mudança de percepção,  não de comportamento do consumidor.

"Nossos membros dizem que na Europa e nos EUA o uso do mobile continua crescendo. Mas se a pesquisa mostra o contrário, precisamos entender. Minha hipótese é que essa queda representa a maturidade dos canais móveis, agora integrados completamente à vida das pessoas a ponto de elas nem perceberem ou nomearem certas transações como móveis", diz Bud.

Físico X digital

Outra tendência clara revelada pela pesquisa é o crescimento das compras de bens físicos e a redução em bens digitais. A diferença entre a penetração do hábito de compra dos dois tipos de produtos era de 22 pontos percentuais na média mundial ano passado e caiu para 13 na pesquisa deste ano. Em países mais maduros, como EUA e Inglaterra, a diferença a favor de bens digitais agora é de apenas 9 e 5 pontos percentuais, respectivamente.

A queda do m-commerce de bens digitais é percebida desde a primeira edição dessa pesquisa, quatro anos atrás. A tendência está relacionada à migração para smartphones. Antes, nos feature phones, era muito comum a compra de itens digitais para personalização, como wallpapers e ringtones. Nos smartphones, isso não acontece mais. E serviços de assinatura de conteúdo, como música e vídeo, não são contabilizados como uma compra na pesquisa.

Confiança

A falta de confiança no canal foi mais uma vez apontada como a principal razão para não se fazer compras via celular, segundo 34% dos entrevistados nos 15 países. "A indústria precisa ser mais transparente e aberta com os consumidores. No MEF, alertamos muito sobre isso", diz Bud.

Os principais resultados da pesquisa foram apresentados nesta quarta-feira, 19, no MEF Global Forum, em São Francisco, nos EUA.