No Brasil, a chance de uma mulher possuir um smartphone é 15% menor do que a de um homem. A diferença foi constatada no relatório The Mobile Gender Gap Report 2018 , feito pela GSMA e apresentada durante o Painel Telebrasil.

Em áreas rurais, as mulheres usam 32% menos de Internet móvel do que os homens, ultrapassando a média global de 26%. A discrepância diminui consideravelmente nas zonas urbanas, onde as brasileiras utilizam a Internet móvel 2% menos do que os homens.

De acordo com a diretora regional de Marketing da GSMA para a América Latina, Paula Ferrari, as seis principais barreiras de acesso à tecnologia digital para as mulheres são acessibilidade a terminais, dados e tarifas; acessibilidade à cobertura de rede e eletricidade; proteção contra roubo e fraudes ao utilizar o telefone celular; usabilidade dos terminais e serviços e conhecimento para utilizá-los; cultura, estereótipos e normas sociais; e conteúdos relevantes.

Os outros 22 países

O estudo investigou o uso de celulares nos países de baixa e média renda na Ásia, África e América Latina, totalizando 23 países, e constatou que as mulheres nessas regiões têm, em média, 10% menos chances de possuir um smartphone do que os homens, o que se traduz em 184 milhões de mulheres a menos do que os homens que possuem celulares.

A análise do relatório estima que em 86% de todos os países de renda baixa e média, mais homens do que mulheres possuem celulares, e 58% desses países têm um gap de gênero maior que 5%. “Corroborando estudos anteriores, a análise encontrou uma forte correlação negativa entre a educação das mulheres e os níveis de renda e um hiato de gênero”, escreveu em seu relatório sobre a pesquisa Oliver Rowntree.

Outros apontamentos

Os dados também apontam que: 89% das mulheres disseram que o celular permite que elas entrem em contato com amigos e familiares; 74% das mulheres disseram que, com o celular, economizam tempo; 68% das mulheres disseram que se sentem mais seguras com um celular; 58% das mulheres disseram se sentir mais autônomas e independentes; e 60% das mulheres em 10 países disseram que ter um telefone celular economiza dinheiro.

Acesso à Internet

Segundo o relatório, mais de 1,2 bilhão de mulheres em países de baixa e média renda não usam Internet móvel. As mulheres têm, em média, 26% menos probabilidade de usar Internet móvel do que os homens. Mesmo entre os proprietários de dispositivos móveis, as mulheres têm 18% menos probabilidade de usar Internet móvel do que os homens.

Os dados são significativos, considerando que há, em todo o mundo, segundo a GSMA Intelligence, 5 bilhões de assinantes de contas de celulares, sendo que para 3,3 bilhões  dispositivo móvel é o principal meio de acesso à Internet.

Do limão da desigualdade, uma limonada

Há 327 milhões menos mulheres do que homens usando Internet móvel. No entanto, o autor aponta um dado significativo para a redução dessa distância. “Fechar a lacuna de gênero no acesso e uso de dispositivos móveis representa uma oportunidade comercial. Se as operadoras de telefonia móvel em países de baixa e média renda pudessem reduzir a diferença de gênero na propriedade móvel e no uso da Internet móvel, hoje, isso geraria uma receita incremental estimada de US$ 15 bilhões no próximo ano”, estima.

Em muitos mercados de baixa e média renda, a propriedade móvel masculina está se aproximando da saturação, particularmente em áreas urbanas. Isso significa que as mulheres representam a maioria do mercado móvel inexplorado. “Até entre os proprietários de dispositivos móveis, há uma lacuna de gênero no uso que aumenta para mais transformacional, geralmente maior serviços de receita, especialmente Internet móvel.

Fechar a lacuna de gênero móvel também gerará benefícios comerciais significativos para a indústria de telefonia móvel e fornecerá um catalisador eficaz para o crescimento econômico. “Estima-se que um aumento de 10% na penetração da Internet em um mercado, por exemplo, resulte em um aumento de 0,25 a 1,38% no PIB”, escreveu Rowntree.

Metodologia

O relatório foi elaborado a partir de pesquisas realizadas de forma presencial pela GSMA Intelligence em 23 países de renda baixa e média.

Os dados foram coletados a partir de uma amostra nacionalmente representativa de cerca de 1 mil adultos do sexo masculino e feminino de 18 anos ou mais, com exceção da Índia e da China, onde a amostra era de cerca de 2 mil.

Os 23 países pesquisados representam 73% do total da população adulta de todos os países de renda baixa e média. Para estimar as diferenças de gênero na propriedade móvel e uso de Internet móvel em todos os países de baixa e média renda, bem como a oportunidade comercial de fechar essas lacunas de gênero, foi desenvolvido um modelo de extrapolação.

Uma curiosidade: todas as pesquisas foram administradas por entrevistadores usando dispositivos portáteis.