Um dos maiores entraves para o lançamento de projetos de direct carrier billing (DCB) no Brasil e no resto da América Latina é o custo dos impostos de telecom, o que faz com que as contas não fechem para as operadoras. No caso de lojas de aplicativos, por exemplo, não dá para mexer no revenue share que fica com os desenvolvedores, que é de 70%. Ou seja, a loja de aplicativos precisa dividir seus 30% com outros dois parceiros: a operadora móvel e um integrador de pagamentos, como Bango e Boku. Em países com alta carga tributária, como o Brasil, as operadoras sairiam no prejuízo. Para solucionar a questão, a Bango propõe que os desenvolvedores de apps beneficiados por um acordo de DCB reinvistam parte da sua receita em publicidade móvel nos canais da operadora. Isso ajudaria a tornar o projeto atraente financeiramente para a operadora, além de aumentar as vendas do produto. A solução foi batizada como Bango Unleashed e já foi testada com sucesso nos EUA com a Verizon.

“Geralmente o desenvolvedor reinveste metade da sua receita em marketing, dividindo em campanhas na loja de apps e no Facebook. Mas se ele também vende através de uma operadora, porque não investir uma parte do seu orçamento de marketing nela? Assim aumenta o share da operadora no DCB sem ter que brigar com ninguém. E também vende mais e a gente (Bango) ganha mais”, explicou Fernando Dias, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Bango na América Latina, durante palestra no evento Direct Carrier Billing and Mobile Content Monetization in Latin American, realizado pela Informa nesta terça-feira, 24, no Rio de Janeiro.

Segundo Dias, dois projetos com essa solução serão lançados na América Latina este ano. O executivo reforça que os desenvolvedores precisam se comprometer por contrato a fazer o investimento em mídia na operadora. Caso não cumpram o combinado, o integrador pode bloqueá-lo na plataforma.

A Bango também fará em breve um teste de venda de bens físicos através de DCB em um país da América Latina, em parceria com um grande site de comércio eletrônico. Apenas dois países da região têm regulamentação que permite esse tipo de transação: México e Bolívia.