Do que é feito o seu smartphone? De onde vêm os minérios com os quais seus componentes são produzidos? Quais as condições de trabalho das pessoas que fabricam esses smarphones? Essas são algumas perguntas difíceis de responder e que preocupam consumidores que se importam com a origem dos produtos que adquirem. ONGs ao redor do mundo vêm denunciando problemas relacionados à cadeia produtiva de smartphones, como o financiamento de guerras no Congo pela posse de minas clandestinas (leia matéria de MOBILE TIME sobre o tema) ou protestos e até suicídios de empregados de fábricas na China. Na tentativa de trazer mais transparência para esse mercado, um grupo de ativistas sediados na Holanda criou o Fairphone, o primeiro smartphone de origem controlada do mundo.

Ao longo dos últimos três anos, os criadores do Fairphone pesquisaram a cadeia produtiva de telecomunicações para escolher quem seriam os fornecedores dos componentes e os fabricantes do seu produto. Toda a cadeia produtiva é apresentada no site do projeto. A pasta de solda, por exemplo, vem de minas legalizadas e sem conflito na província de Kivu do Sul, na República Democrática do Congo. O coltan, mistura de columbita e tantalita, usado na produção de vários componentes eletrônicos presentes em smartphones, por sua vez, provem de outra mina, igualmente legalizada e sem conflitos, na província de Katanga, também no Congo. A fabricação em si acontece na China, em uma unidade fabril com salários justos, aberta ao diálogo entre patrões e empregados e com um fundo para melhorar as condições de trabalho. Para cada Fairphone vendido, 3 euros serão destinados para um projeto de reciclagem que despachará para a Bélgica um contâiner com 100 mil telefones velhos que hoje estão em um lixão em Gana. Na Bélgica, eles serão corretamente tratados.

Especificações

O Fairphone usa o sistema operacional Android 4.2 e tem tela de 4,3 polegadas, processador quadcore, camêras traseira de 8 MP e frontal de 1.3 MP, 16 GB de memória para armazenamento, 1 GB de memória RAM, entrada micro SD e conectividade HSPA, Wi-Fi e Bluetooth. Seu preço é de 325 euros, incluindo os impostos. Sua fabricação, contudo, vai depender do sucesso de uma campanha de crowdfunding via pré-venda. É necessário vender 5 mil unidades para que a produção aconteça. O prazo para juntar essa quantidade de compradores se encerra no dia 14 de junho. Até o meio da tarde desta sexta-feira, 24, haviam sido vendidas 2.393 unidades. As vendas se restringem à Europa. O produto será entregue no segundo semestre, pelo correio.

Outra característica do Fairphone é ser aberto, literalmente. Um dos slogans do grupo é "se você não pode abrir, então não é seu", em uma clara alusão ao iPhone e outros aparelhos sem bateria removível. O Fairphone tem entrada para dois SIMcards, bateria removível de 2000 mAh e permite acesso root, para mudança do sistema operacional.