No ano passado, as operadoras móveis que atuam no Brasil começaram a oferecer planos de voz ilimitada para qualquer tipo de chamada nacional, seja para fixo ou para móvel, local ou interestadual, para dentro ou para fora de suas redes. Esse movimento provoca um impacto imediato sobre o mercado de gerenciamento de linhas corporativas (TEM, na sigla em inglês). Trata-se do serviço de gestão das contas telefônicas de uma empresa, que inclui, por exemplo, a auditoria das faturas, para verificar se a cobrança está correta e para adequar os planos contratados às reais necessidades dos funcionários. A partir do momento em que a voz é ilimitada, a importância de um trabalho como esse diminui. A saída para as companhias que prestam o serviço de TEM é a oferta de outros serviços de valor agregado, como a gestão remota dos terminais (MDM) e dos aplicativos neles instalados (MAM), assim como a entrega de insights de inteligência de negócios, opinam os fundadores da Safira Telecom, Fernando Valente e Sonaira San Pedro.

“Os preços (da telefonia móvel) estão cada vez mais flat com os planos ilimitados. Isso significa que tem um limite para o que se consegue reduzir nos gastos. Por conta disso, o mercado de TEM vai mudar radicalmente. O TEM não será mais apenas para custo, mas para inteligência de negócios”, prevê Valente. E complementa: “É um mercado pulverizado e com muita competição. E que agora está acabando por causa dos planos ilimitados das operadoras. Por isso, é preciso agilidade para inovar, senão você fica trás”.

No caso da Safira, a empresa analisa a operação do cliente e oferece insights cruzando dados sobre o uso das linhas móveis e os resultados nas vendas. O objetivo principal acaba sendo ajudar o cliente a aumentar a sua produtividade, em vez de apenas reduzir os custos com telecomunicações. “Redução de custo pode gerar economia de algumas dezenas de milhares de Reais, enquanto ganho de produtividade pode gerar um aumento de milhões em receita”, compara o executivo.

Consolidação

Com foco nos segmentos de bens de consumo, indústria farmacêutica e trade marketing, a Safira vem crescendo rapidamente. Nascida em 2015, a empresa conta hoje com uma carteira de 78 clientes que somam 58 mil linhas móveis e 8 mil linhas fixas. Sua receita no ano passado foi de R$ 5,6 milhões e deve dobrar este ano, ficando próxima de R$ 10 milhões.

No atual cenário, a Safira começa a analisar possíveis aquisições. Duas antigas empresas de TEM estão na sua mira, por causa da carteira de grandes clientes (acima de 10 mil linhas), informa San Pedro.

“Muita empresa que foi gigante no passado mas hoje está com sistemas obsoletos de TEM passa por dificuldades em crescer. Estamos conversando com duas delas, cada uma com 12 clientes de grande porte. Temos enorme possibilidade de cross-sell com esses clientes. Por isso, devemos adquirir uma dessas empresas”, relata a executiva.