A crise financeira e a necessidade de ter um smartphone para se manter conectado e comunicativo nos dias atuais fazem com que o usuário brasileiro queira proteger seu dispositivo móvel com mais do que simplesmente capas, películas e apps de rastreamento em caso de furto. E o caminho são os seguros para celulares. Com aparelhos chegando a valores de R$ 4 mil, o consumidor começa a perceber que gastar alguns reais pelo seguro pode sair mais barato do que comprar um novo modelo, em especial diante da variação no câmbio – com o dólar influenciando diretamente os valores de novos aparelhos.

Favorecidos pela crise, as operadoras de telefonia Vivo e TIM notaram uma aceleração nas vendas de seguros no primeiro trimestre de 2015. Outra operadora que vende planos através de seu site e lojas, a Claro disse que não pode abrir dados referentes a esse negócio.

A Vivo registrou um aumento de 50% em relação ao mesmo período em 2014. O tíquete médio, por sua vez, subiu 64% no mesmo período. “Temos a sensação que um conjunto de fatores ajuda o atual crescimento dos seguros. As pessoas compraram mais smartphones e estão mais preocupadas em manter o aparelho”, explica Maurício Romão, diretor de serviços digitais B2C da Vivo. A operadora vende seguros para smartphones em suas lojas, através de parceiros e em seu website.

Apostando nas vendas de seguros na hora da compra do aparelho por meio das lojas físicas e online, a TIM obteve um crescimento de 64% entre janeiro e maio de 2015, se comparado ao mesmo período em 2014. Ainda assim, Fabio Freitas, diretor de serviços financeiros móveis da TIM, acredita que ainda falta conhecimento sobre esse tipo de seguro por parte do brasileiro. “É uma questão cultural. O brasileiro pensa no imediatismo, não se preocupa com o futuro. Acha que seguro é jogar dinheiro fora’”, comenta Freitas. “O brasileiro é pego no impulso na hora compra de seguros. Não é uma coisa que está em seu DNA comprar seguro residencial, de vida ou mesmo de automóvel”.

Na contramão de TIM e Vivo, o site BemMaisSeguros.com presenciou uma redução na busca por planos de proteção aos dispositivos móveis nos últimos meses. Sem revelar dados financeiros, o CEO da empresa, Marcello Ursini, informou que houve uma desaceleração nas vendas a partir de abril. “Houve uma freada no crescimento a partir de abril. Continua crescendo, mas não na mesma base do ano anterior, algo bem modesto”, relata Ursini. “Em um momento de recessão, cenário financeiro indefinido, as pessoas não sabem se terão empregos nos próximos três meses. Assim, ficam conservadoras na hora de comprar produtos supérfluos”, comentou.

iPhone 6 e Galaxy S6 são os mais ‘visados’

Os smartphones mais desejados do público também são aqueles mais protegidos por seus donos. O fim do pleno emprego e a redução do poder de compra estão fazendo os donos de celulares acima de R$ 2 mil investirem mais em sua proteção, seja por roubo ou dano.

Na Vivo, 90% dos celulares segurados são smartphones. E atualmente 50% das vendas de seguros são para aparelhos acima de R$ 2,5 mil. Do total dos novos segurados 70% optam por fazer o seguro multiproteção, que engloba proteção contra furto qualificado e danos materiais ao celular.

O furto, de acordo com a BemMaisSeguros, cresce a números impressionantes no Brasil. Em uma série de pesquisas em parceria com o site Onde Fui Roubado, a companhia brasileira que vende seguros de tablets e smartphones por meio da Internet aponta que dos 4,2 mil usuários que declaram terem sido roubados, 31% tornaram-se vítimas no transporte público; 29% a pé; 25% dentro de um veículo próprio; e 16% em residência ou comércio.

“O número de sinistros (uso do seguro) subiu dentro de uma projeção esperada: entre 50 e 70% (em um ano)”, relata Ursini. O executivo brasileiro ainda aponta os aparelhos iPhone 6, iPhone 6 Plus, Galaxy S6, Galaxy S5, Moto Maxx e Moto X são os favoritos dos ladrões. “O número de roubos de celulares só aumenta. É o bem que você (usuário) carrega de maior valor, e a bandidagem sabe como ‘desovar’ e ganhar dinheiro com isso”, completa o CEO.

Na operadora TIM, ainda não existe a modalidade de seguro para dano, algo que suas rivais já disponibilizam aos clientes. No entanto, Freitas garante que em breve a operadora fará uma “remodelagem” de seus produtos para adicionar os danos materiais e líquidos ainda em 2015. Sobre a atual procura, o diretor da tele informa que a busca é maior por parte de usuários de smartphones premium e de alto custo. “Quem procura mais seguro de roubo e furto são aqueles que compram os aparelhos mais caros”, diz Freitas. “Estamos falando de modelos high-end, como Samsung Galaxy S6 e iPhones 6”.

No entanto, as três companhias devem começar a apostar em seguros para as faixas de preço mais baixas. Atualmente, a TIM possui seguros a partir de R$ 6,49/mês (para aparelhos até R$ 200). Já a Vivo possui planos com valor inicial de R$ 8,49/mês e a BemMaisSeguros.com informa que a média é de R$ 20/mês.

“Estrategicamente tem um potencial grande nessas faixas mais baixas onde a gente enxerga que o seguro de roubo e furto são menos visados, mas vamos endereçar para seguros de quebra e oxidação de aparelho”, completa Freitas.