O futuro do mercado de aplicativos foi discutido nesta quarta-feira, 24, por especialistas e empresários do setor durante o evento GMIC, realizado em São Paulo. Eles trataram de defender novas ideias diante dos problemas que o setor enfrenta. Um dos empresários, Yan Di, presidente do Baidu no Brasil, acredita que o segmento começa a ver o fim do 'boom' dos aplicativos. "O crescimento dos apps acabou", cravou o executivo chinês. "A venda de smartphones parou de crescer. O mercado está começando a ficar saturado".

Para Di, a saturação dos smartphones e os indícios do estudo da Research Now como a queda dos downloads de apps em 20%, o custo de instalação por app (US$ 0,53 Android e US$ 1,24 iOS) e o fato de 97% dos aplicativos serem desinstalados 30 dias após sua instalação (vide Pokémon Go), demonstra uma séria mudança no mercado de aplicativos móveis.

A ideia foi rechaçada por Michel Sciama, head de performance de products ads do Google. Para o executivo, o mercado de apps não está morrendo. Sciama acredita que as empresas devem começar a medir o sucesso de seus apps por outras métricas e não apenas pela quantidade de instalações. E afirmou que essa discussão é um mito, uma vez que ela deve englobar soluções mobile como um todo, lembrando que os apps não estão só na loja de aplicativos.

"Em geral, eu vejo que as pessoas estão mais focadas em aquisição do que reengajar o usuário", disse o executivo de publicidade do Google. "Os desenvolvedores precisam fazer mais ações de reengagement". "Qualquer campanha de marketing tem que ser focada em dados. E sempre tem espaço para a criatividade. Como aconteceu com o Pokémon Go, uma tecnologia nova que chegou e mudou o mercado".

A proposta ainda foi defendida por Daniel Joniwicz, diretor da Appsflyer na América Latina: "Reengajamento é na verdade questão de fazer retargeting. Como forma de manter o usuário você tem que fazer promoções. E aqueles que não forem alcançados na promoção, devem ser alcançados por meio de novas estratégias. É importante que os desenvolvedores sejam criativos em suas ações".

Para Regina Chamma, responsável pelo desenvolvimento de negócios da Google Play, as ações de engajamento do usuário também devem levar em conta o formato trabalhado. Como exemplo, citou a criação de aplicativos versus sites responsivos. Para a executiva, um aplicativo só é bom se ele é nativo e se usa as ferramentas do smartphone. Se não usa, é muito mais válido o site móvel.

Alternativa O2O

Yan Di ainda comentou que a alternativa para muitas empresas – com o possível recuo da economia de apps – é o segmento de soluções online-to-offline (O2O) e de pagamenots móveis. Como prerrogativas para investir nesses setores, Di frisou que as empresas devem entregar melhor experiência, cobrar de forma inteligente o usuário, realizar parcerias e trocas de informações (cross-setorial), além de racionalizarem sobre o modelo de seus negócios.

"Todo mundo quer ser o Uber de um serviço. Mas quando você não tem densidade comercial, melhoria da eficiência e entrada de dinheiro, melhor não ser um Uber", disse o executivo do Baidu. "As empresas do setor de O2O no Brasil correspondem a apenas 1% do mercado O2O chinês. A população é sete vezes maior, sim. Mas estamos 100% adiante com lucro O2O. Essa diferença não deveria ser tão grande".

Stelleo Tolda, COO do Mercado Livre, acrescentour que o movimento do online para o off-line ajuda em todos os segmentos. Mas não descaracteriza os formatos atuais. "Existem ainda situações em que a pessoa compra online e paga em dinheiro. Isso existe, mas acredito que deve acontecer cada vez menos. O usuário deve migrar para um cenário em que tudo acontece de forma eletrônica", completou.