Já falando como uma empresa só, ainda que sejam necessárias várias aprovações regulatórias, inclusive no Brasil, a AT&T e e a Time Warner detalharam um pouco dos planos para o futuro próximo da companhia. Durante a conferência WSJD Live, do Wall Street Journal, nesta terça-feira, 25, o CEO da operadora norte-americana, Randall Stephenson, e o CEO da companhia de mídia, Jeffrey L. Bewkes, comentaram sobre o modelo de integração, anunciaram o lançamento de um novo over-the-top (OTT) e da futura rede 5G e até indicaram possível opção de canais à la carte (unbundling).

Para a oferta fixa, a AT&T anunciou para o final de novembro um serviço OTT do DirecTV Now, que terá 100 canais por US$ 35 mensais. "Se sempre houve um ambiente que implora por inovação, é este. Temos 2 milhões de residências que abandonaram o conteúdo premium", diz Stephenson sobre os "cord-cutters", os clientes que abandonaram a TV paga. Ele insiste que serão 100 canais premium em uma plataforma focada em dispositivos móveis, incluindo "acesso na rede móvel", o que já indica que será ofertado em zero-rating, rivalizando com a ofertas de VODs OTT da T-Mobile. Para manter o preço nessa faixa com o conteúdo premium, ele diz ainda que vai desenvolver novos modelos de negócio com a publicidade.

O executivo garante que o DirecTV Now não seria possível sem o acordo com a Time Warner, mas o empacotamento pode não ser o objetivo final. Com a experiência da companhia de mídia com o HBO Now no mercado de video OTT, os executivos indicaram querer que o usuário tenha acesso a quaisquer canais do grupo em oferta à la carte, podendo ser acessado sob demanda.

Stephenson anunciou também que a rede móvel 5G será lançada com velocidade de 1 Gbps em 2018. A esperança é que isso acelere o consumo de vídeo em dispositivos móveis, tornando a AT&T em uma plataforma de vídeo de alcance nacional.

Stephenson garantiu que não há razão para preocupação com a neutralidade de rede, chegando a dizer que essa guerra acabou. "Vocês do Google ganharam, é o fim. Não precisa se preocupar com neutralidade de rede mais", declarou. Da mesma forma, tentou pormenorizar a concorrência entre as over-the-top. "O Netflix provavelmente ficará OK."

Sem problemas regulatórios

O CEO da AT&T se mostrou confiante em receber sinal verde dos reguladores, em particular do departamento de comércio, a Federal Trade Commission (FTC), e da agência reguladora de telecomunicações, a Federal Communications Comission (FCC), dizendo que argumentos de que preços podem crescer são "ignorantes". "Integrações verticais raramente significam que haverá diferença de preço", diz. Ele alega que a fusão será benéfica para os consumidores, podendo oferecer preços baixos como a própria oferta do DirecTV Now por US$ 35.

Na avaliação do executivo, o mercado continuará o mesmo após a transação, até porque a Time Warner será conduzida como uma subsidiária independente. "O acordo era sobre uma coisa: como podemos mudar o ecossistema?", disse Stephenson. "Eu não acho que você pode caracterizar isso (a transação) como defensiva", completou.