A BlackBerry está cada vez mais focada no mercado corporativo. Após uma reestruturação que viu o enxugamento de seu negócio mobile, a empresa investiu mais de US$ 1 bilhão nos últimos três anos na compra de companhias com aplicações de segurança que integrem dispositivos móveis, PCs, wearables e até equipamentos para Internet das Coisas (IoT). Agora, a companhia tenta estabelecer-se no mercado como um player único em segurança de ponta a ponta.

“Se você olhasse para a BlackBerry de três anos atrás, nós éramos puramente uma empresa de dispositivos móveis. Hoje nós somos uma empresa muito mais ampla”, disse Morris Menasche, VP de vendas da BlackBerry para a América Latina. “É importante que possamos olhar hoje a BlackBerry como uma companhia que deseja entregar uma opção de segurança completa para as empresas”.

O executivo recorda que pessoas do mercado financeiro riram na época que o CEO da empresa, John Chen, disse que alcançaria US$ 500 milhões de receita. No último relatório financeiro, a empresa revelou que a expectativa para o ano fiscal de 2016 deve ficar em US$ 527 milhões, alavancados pela divisão de serviços e softwares.

Agora, como parte de seu crescimento no setor, a companhia canadense apresentou para seus clientes do mercado brasileiro um novo pacote de Enterprise Mobility Management (EMM) da Good e da WatchDox, firmas adquiridas neste período de três anos, contempladas no pacote de segurança BES 12 da BlackBerry que funciona em diversos sistemas operacionais e dispositivos, do celular Android aos equipamentos de IoT.

Atualmente, juntando apenas BlackBerry e Good, a companhia teria hoje 25% do setor de EMM. O novo serviço varia entre US$ 3 e US$ 25 por usuário e inclui ferramentas de segurança de aplicativos, conteinerização, gerenciamento de perfis de acesso, sincronização e compartilhamento de arquivos.

BlackBerry e a Internet das Coisas

Em IoT, empresas brasileiras teriam procurado a BlackBerry para desenvolver soluções de segurança. No entanto, o executivo de vendas explica que por enquanto apenas companhias de amplitude global estariam com projetos do gênero.

Um dos exemplos de desenvolvimento de IoT é o sistema de proteção QNX, que tem como um dos principais parceiros a montadora Ford. O QNX está sendo amplamente usado em 60 milhões de sistema de automóveis.

Handsets e mercado latino-americano

Ainda assim, Menasche acredita que, do ponto de vista comercial, a BlackBerry não deve sair do mercado de devices, pois ainda há uma demanda de empresas que buscam por smartphones com mais proteção. Ele lembrou a recente atualização do smartphone Priv para Android Marshmallow e a futura atualização do sistema operacional BB 10 ainda no primeiro semestre. 

Além disso, o executivo vê com bastante ânimo o crescimento do mercado latino-americano corporativo, em especial o Brasil. Sem revelar dados financeiros, o VP da BlackBerry revelou que nos últimos 12 meses a base de usuários cresceu em ritmo mais rápido que a América do Norte. Entre seus clientes na América Latina, estariam 15 dos 20 maiores bancos da região e sete bancos centrais.