Atualmente com 5,5% de participação acionária na Oi, a Pharol, antiga Portugal Telecom, vê riscos de estar submetida ao desempenho da brasileira. Especialmente ao não enxergar na operadora, na qual chegou a ter participação majoritária (de 39,7%), um retorno mais imediato sobre investimentos. A portuguesa divulgou essa conclusão em seu balanço financeiro na semana passada, mas ressaltou: há a possibilidade de venda da Oi Móvel.

A avaliação é de que a Oi ainda está para monetizar os frutos dos investimentos em infraestrutura de fibra até a residência (FTTH). Segundo a acionista portuguesa, “embora os indicadores mais avançados – nomeadamente número de novos clientes – sejam encorajadores, o impacto no desempenho operacional e nas contas de resultados não são ainda visíveis”. De fato, no terceiro trimestre, a brasileira havia reduzido receitas e aumentado o prejuízo.

A Oi deverá divulgar no próximo dia 25 as novas informações referentes ao consolidado de 2019, mas a companhia tinha aumentando o número de homes-passed no último balanço. Foram 3,6 milhões de HPs, com expectativa de encerrar o ano com 4,6 milhões. A taxa de absorção (take-up rate) era de 12,3% já em outubro.
Venda da Oi Móvel
Em relação à venda de ativos, a Pharol destaca o plano de desinvestimento dos non-core, como os ativos imobiliários e a participação na Unitel, em Angola. Mas, sobretudo, a acionista está de olho na alienação do segmento móvel. “Para o futuro a curto médio prazo, parece não estar excluída a possibilidade de venda do negócio da comunicação móvel, o que, a concretizar-se, aumentaria de forma significativa a capacidade de investimento na infraestrutura de fibra.”
Ao pedir, na semana passada, a homologação de uma chamada para uma nova assembleia de credores, a Oi disse apenas querer fazer ajustes no Plano da Recuperação Judicial.
Porém, a empresa brasileira, possivelmente pela primeira vez, não mencionou no plano estratégico de investimentos a expansão da cobertura móvel 4G e 4,5G. Segundo apuração do jornal Valor Econômico nesse final de semana, a assembleia teria como finalidade justamente a de aprovar a venda da Oi Móvel, sem contudo mexer em prazos de pagamento das dívidas ou ampliar descontos.
Riscos e dívida
A Pharol ressalta que há riscos econômicos em decorrência do desempenho operacional da Oi, além de riscos financeiros com a flutuação cambial do real frente ao euro.
A companhia portuguesa ainda declara haver riscos de litígios “ou investigações” envolvendo a dívida da Rio Forte, decorrência de um calote de 897 milhões de euros feito pelo Grupo Espírito Santo na época em que a então Portugal Telecom procurava se fundir com a Oi, ainda em 2014. “Os instrumentos Rio Forte e a combinação de Negócios acarretaram riscos específicos devido à complexidade do processo de insolvência da Rio Forte e da Combinação de Negócios com a Oi”.
Atualmente, a Pharol espera receber 63 milhões de euros em recuperação ao seu crédito, ou 7,02% do investimento inicial. Isso significa uma redução de 1,5 milhões de euros ao que estava previsto anteriormente, ainda em 2019.