réplicas digitais; digital twins

Painel sobre digital twins no MWC 22

A construção de réplicas digitais (ou “digital twins”, no termo em inglês) está se disseminando nos mais variados setores e para diferentes propósitos. Um dos objetivos de uma réplica digital é ser possível testar os efeitos de determinadas ações antes de aplicá-las no ambiente real. Ou pode servir para explorar virtualmente um local, inclusive com informações atualizadas em tempo real através de 5G, por exemplo. O assunto foi discutido por especialistas em um painel no MWC 22, nesta quinta-feira, 3, em Barcelona.

Um exemplo prático do uso desse conceito no setor de telecom foi apresentado pela diretora de portfólio da Ericsson, Claudia Garcia. Ela contou que a operadora suíça Swisscom criou uma réplica digital da sua rede de telecomunicações para testar medidas de redução de potência de transmissão para diminuir o consumo de energia sem afetar a experiência do usuário, e também para elaborar um modelo de manutenção preventiva. Desta forma, conseguiu reduzir seu consumo de energia em 30%. Além disso, antes desse projeto, a cada 10 visitas de técnicos a uma torre da Swisscom para manutenção ou conserto, era necessário fazer uma revisita depois, para ajustar algo que não fora feito corretamente. Depois da adoção da réplica digital, essa proporção passou a ser de uma revisita a cada 1 mil.

Outro exemplo apresentado é o de réplicas digitais de apartamentos no Japão. Neste caso, não se trata apenas de um modelo 3D para visitação virtual, mas também da adição de uma série de informações detalhadas sobre todos os eletrodomésticos presentes no local, como ano de fabricação, data de instalação, horas de uso, previsão de quando precisará ser trocado etc. “Então, ao alugar um apartamento, você sabe o que vai precisar reformar, consertar etc. Isso te dá uma noção melhor de avaliação do negócio”, disse Biju Nair, presidente de connected living da Assurant.

As réplicas digitais também são úteis para testar e aperfeiçoar modelos de inteligência artificial antes que sejam aplicados no mundo real, destacou Tommy Bjorkberg, diretor da ZTE. “Isso permite melhorar a programação de uma aplicação de IA”, comentou.

5G, segurança e democratização

O 5G tem um papel importante para réplicas digitais por ser uma rede capaz de entregar uma grande quantidade de dados em alta velocidade e baixa latência.

“Na pandemia percebemos que dependemos de dados históricos, mas que estes podem mudar rapidamente. Por causa do coronavírus, por exemplo, a lista de produtos mais procurados mudou completamente em uma semana. Por isso é importante ter streaming de dados em tempo real para que sejam tomadas as decisões certas”, disse Tejas Rao, diretor operacional de cloud first networks, da Accenture.

Um ponto de atenção no uso de réplicas digitais, contudo, é a segurança. “Por concentrar muitos dados, digital twins se tornam alvos interessantes para ataques. Eles precisam ser construídos de forma segura”, recomenda Bjorkberg, da ZTE.

Para o futuro próximo, o executivo da ZTE aposta que surgirão plataformas de construção de réplicas digitais especializadas em determinados casos de uso, em setores específicos, o que vai ajudar a democratizar essa tecnologia. Empresas de maior porte e com problemas mais complexos a serem resolvidos, porém, continuarão produzindo réplicas digitais sob medida.