O caso da e& (antiga Etisalat) de investir em novas fontes de receita fora de telecom não é único no mundo. Na verdade, trata-se de uma tendência global que foi bastante detalhada nos painéis de abertura do MWC25 (Mobile World Congress), em Barcelona, nesta segunda-feira, 3. Obviamente, é preciso adaptar essa estratégia e o serviços lançados às características de cada mercado, como mostram os exemplos da japonesa KDDI e da sul-africana MTN.
A KDDI conseguiu aumentar de 21% para 44% a participação de serviços de valor adicionado em sua receita entre 2015 e 2023, relatou seu CEO, Makoto Takahashi. No seu caso, estão sendo desenvolvidos serviços de última geração sobre uma rede 5G stand-alone com 39 mil torres, 45 data centers e 50 milhões de conexões IoT. O mais novo exemplo é a solução criada para a cadeia de lojas de conveniência Lawson em que desde a limpeza até a reposição de produtos nas prateleiras são feitas por robôs, o que reduziu o Opex em 30%.
MTN: realidade da África é outra
Na África, o cenário é completamente diferente, embora a estratégia seja a mesma: diversificar as receitas fora de telecom. “Nossa receita média mensal por usuário é de US$ 2 a US$ 3, enquanto nas operadoras norte-americanas é de US$ 60. Como podemos entregar o mesmo retorno?”, questionou o CEO do MTN Group, Ralph Mupita.
Um dos caminhos da MTN tem sido a oferta de serviços financeiros sob a marca MoMo (mobile money). O serviço nasceu há mais de uma década como uma conta digital operada por SMS, facilitando transferências de valores entre usuários. Desde então, vem evoluindo constantemente e hoje, em parceria com a Mastercard, inclui a emissão de cartões físicos e virtuais que possibilitam compras online. Também foram agregados à plataforma outros serviços, como empréstimos.
Atualmente, a MTN tem mais de 60 milhões de usuários do MoMo sobre um total de 290 milhões de assinantes móveis. Ou seja, mais de 20% da base utiliza o serviço.
Foto no alto: Ralph Mupita, CEO da MTN, durante o MWC25 (Crédito: Fernando Paiva/Mobile Time)