O diretor de negócios e produtos da ConectCar (Android, iOS), Newton Ferrer, aponta a necessidade de “habilitação e regulamentação” para empresas de meios de pagamentos de modo que possam atuar com pagamentos avulsos no Free Flow, ou seja, uma opção para identificar e cobrar dos clientes que não possuem tags nos carros, mas são acompanhados por meio da leitura da placa veicular.
Apesar de o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) ter disponibilizado a resolução 1.013/2024 que institui o sistema sem praça de pedágio físico em outubro do ano passado, o executivo explicou que faltam as portarias para o setor de pagamentos.
“Ainda não está muito claro como isso (meios de pagamentos no Free Flow) vai funcionar”, disse Ferrer. “A ConectCar é uma operadora do sistema automático, habilitada aqui pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) desde 2012, uma empresa de arranjo fechado que tem o acompanhamento também pelo Banco Central. Entendemos que deveríamos ser autorizados como canal válido de recebimento”.
De fato, a resolução atual do Contran é vaga na parte de pagamentos, vide o segundo artigo de definições:
II – canais válidos de recebimento: meios físicos ou virtuais, utilizando quaisquer tecnologias de pagamento, disponibilizados por operadores autorizados pelo órgão ou entidade executivos com circunscrição sobre a via para pagamento automático ou pagamento avulso da tarifa de pedágio em sistemas de livre passagem (free flow).
Portanto, existe a necessidade de uma portaria para instituir quem são os players de pagamentos e como podem atuar no pagamento avulso. Atualmente, o pagamento avulso é feito pelas concessionárias que atuam com Free Flow: o usuário precisa entrar nos canais digitais (site, por exemplo) ou físicos para pagar pela tarifa ou é multado em R$ 150.
Vale lembrar, a ANTT promete uma regulação parcial do Free Flow para este mês de maio que incluirá o papel da agência, o limite de velocidade até 140 quilômetros por hora na área do pórtico, a interoperabilidade para cobrança do usuário que sai de uma rodovia e entra em outra e a exigência da entrega da tarifa para o motoristas em até um dia. A parte que regulamenta os meios de pagamentos ficaria para um segundo momento em 2025, ainda sem data definida.
ConectCar no Free Flow
Paralelamente, o diretor explicou que tem tecnologia pronta para pagamento avulso. A ConectCar tem um portal do Free Flow para pagamento avulso desde 2023. A ideia da empresa é que este portal fique disponível para os motoristas que passem pelos pórticos de pagamentos nas rodovias. Mas para esse site funcionar a companhia precisa da autorização dos reguladores.
A vantagem da entrada dos players de pagamentos no Free Flow avulso é ampliar as possibilidades do consumidor em quaisquer canais que sejam de sua conveniência, como bancos. Essa solução também busca atender os consumidores que não são bancarizados, mas estão diariamente nas estradas, como os transportadores autônomos de cargas. Mas reforçou que não quer disputar com o pagamento físico das concessionárias, como a CCR, que tem totens automatizados em pontos estratégicos nas rodovias.
A ConectCar ainda está trabalhando em uma API para consulta de passagens e regularização de usuários pelo Free Flow e poderá ser plugado com as concessionárias das rodovias, por exemplo. Ferrer explicou ainda que, assim que evoluir a regulação e o portal ficar disponível para usuários, a ConectCar vai levar a opção para seus outros canais digitais, como o aplicativo e o WhatsApp.
Modelo de negócios no Free Flow
Sobre o avanço das tags, um formato já estabelecido e que hoje não precisa de regulação, o diretor da companhia de pagamentos explicou que o modelo de negócios está definido desde o sandbox na Rio-Santos em 2023. É a tag sem mensalidade para os usuários do Free Flow. Nela, o cliente só paga pelos locais que ele passa.
Em sua visão, o formato sem mensalidade foi acertado. Tanto que a ConectCar não deve mudar, pois facilitou a experiência para o consumidor que não conhecia como funcionaria o Free Flow e trouxe boa conversão, uma vez que os motoristas passaram a usar em outros lugares em que o tag da marca é aceito, como shoppings e as praças de pedágio tradicionais.
A tag da ConectCar no Free Flow foi usada por 400 mil motoristas até o final de 2024.
Imagem principal: Newton Ferrer, diretor de negócios e produtos da ConectCar (Foto: Zé Barretta)
