A OpenAI anunciou mudanças na estrutura da organização da empresa. A subsidiária com fins lucrativos vai fazer a transição para se tornar uma Public Benefit Corporation (PBC) ou corporação de benefício público, modelo já adotado por empresas como a Anthropic e a xAI. No entanto, a organização sem fins lucrativos que atualmente supervisiona e controla a empresa continuará fazendo este papel. Ou seja, a companhia desistiu de se tornar essencialmente uma empresa com fins lucrativos após intensas críticas sobre essa mudança.

Em publicação no blog da empresa nesta segunda-feira, 5, Bret Taylor, presidente do conselho, disse que a decisão foi tomada após ter ouvido “líderes da sociedade civil” e conversado com os “gabinetes dos procuradores-gerais de Delaware e da Califórnia”.

Ambos os procuradores têm autoridade sobre o status de organização sem fins lucrativos da OpenAI e poderiam ter impedido sua reestruturação planejada — alvo de protestos por parte de Elon Musk, da Meta e de outras figuras do setor.

Em sua estrutura, a OpenAI foi fundada como uma entidade sem fins lucrativos em 2015 e é supervisionada e controlada por esta entidade. No entanto, foi criada uma outra empresa, essa com fins lucrativos, em 2019, que está sob a estrutura da organização sem fins lucrativos, mas que será transformada em uma PBC ou “uma estrutura de empresa com propósito, que deve considerar os interesses tanto dos acionistas quanto da missão institucional”, escreveu Taylor no blog.

O que é uma PBC

Uma empresa Public Benefic Corporation está prevista na legislação dos Estados Unidos, porém não há equivalência no Brasil. Ela, no entanto, é uma empresa com fins lucrativos, mas que assume um compromisso formal com um propósito social ou público, algo que vai além do lucro para os acionistas.

Diferente de uma empresa tradicional, uma PBC precisa considerar os impactos sociais e ambientais de suas decisões e relatar publicamente como está promovendo esse benefício público.

Em carta aos funcionários, Sam Altman, CEO da OpenAI, enumerou três motivos que deseja alcançar com a mudança:

  1. Operar e obter recursos de forma a tornar os serviços amplamente acessíveis a toda a humanidade — “o que atualmente exige centenas de bilhões de dólares e, no futuro, pode exigir trilhões. Acreditamos que esta é a melhor maneira de cumprir nossa missão e permitir que as pessoas gerem enormes benefícios umas para as outras com essas novas ferramentas”.
  2. Tornar a organização sem fins lucrativos como a “maior e mais eficaz da história, com foco em usar a IA para gerar os impactos mais significativos possíveis na vida das pessoas”.
  3. Entregar uma inteligência artificial generativa benéfica. Isso inclui contribuir para a definição de padrões de segurança e alinhamento. “Temos orgulho do nosso histórico com os sistemas que lançamos, das pesquisas de alinhamento que conduzimos, de processos como o red teaming, e da transparência no comportamento dos modelos com inovações como a model spec. À medida que a IA acelera, nosso compromisso com a segurança se torna ainda mais forte. Queremos garantir que a IA democrática vença a IA autoritária”.

Mudança afeta acionistas da OpenAI

Segundo o site The Verge, a mudança afetará basicamente os acionistas. Se, até então, eles podiam obter um retorno de até 100 vezes sobre o valor investido antes que o restante dos lucros futuros passasse a ser destinado à organização sem fins lucrativos, agora, com a nova estrutura como PBC, investidores e funcionários passarão a deter ações ordinárias, sem limite para a valorização. A proposta é facilitar a captação de novos recursos no futuro. As últimas duas rodadas bilionárias de investimento da empresa estavam condicionadas à remoção desse teto de retorno até o final do ano.

A organização sem fins lucrativos da OpenAI terá uma participação acionária na nova subsidiária PBC — ainda a ser definida. O conselho da entidade sem fins lucrativos nomeará o conselho da nova PBC quando esta for oficialmente constituída, mas continuará exercendo o controle final sobre a empresa.

 

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