As sócias Flavia Deutsch Gotfryd e Paula Crespi se conheceram enquanto faziam um MBA ainda em 2011, quando o ecossistema de startups era bem diferente do atual. E, apesar da vontade de empreenderem juntas, optaram por não fazer naquele momento. Assim, Flavia foi para a Acesso Card e Paula, para o GuiaBolso. Mas suas vidas se reencontraram quatro anos atrás quando o primeiro filho de Flavia nasceu. E o que seria improvável – montar um negócio em plena maternidade – aconteceu. Flavia levou Paula para jantar com segundo filho com dois anos de vida e convenceu a amiga a largar o emprego e formar a Theia (Android, iOS), uma plataforma digital que pretende dar suporte nas áreas de saúde – física e mental – carreira profissional e familiar do usuário, transformando-se em uma rede de apoio para pais e mães que trabalham. No momento, a healthtech é voltada para famílias que estão na gestação até os primeiros anos da criança. Mas, para o futuro, a ideia é ser uma jornada completa, do início ao fim, desde a adoção ou o planejamento familiar até a adolescência. “Queremos crescer com as famílias. Theia vai expandir aos poucos o corpo de especialistas à medida que vemos as famílias também crescendo”, diz Gotfryd.

A plataforma está rodando em formato beta desde novembro do ano passado. “Nosso primeiro cliente começou no mesmo dia que o filho da Paula nasceu”, lembra a executiva.

Inicialmente, Theia foi pensada para o mercado B2B2C, ou seja, a empresa subsidia uma parte da plataforma e o usuário paga uma mensalidade. Neste caso, a pessoa pode fazer quantas consultas desejar. “É um benefício corporativo que empresas podem oferecer a seus funcionários. Sabemos que 48% das mulheres saem do emprego depois que o filho nasce e nossa proposta é que as mães não precisem escolher entre filhos e carreira. Theia é uma maneira de ajudar as empresas a gerar valor para elas e reter seus talentos”, explica Gotfryd, que também acredita que as empresas estão tomando consciência da importância da diversidade nos locais de trabalho e nos cuidados com seus colaboradores. “Quanto mais cuidados da empresa, mais engajados são os colaboradores. E as companhias também estão olhando o pós-maternidade”, completa.

Depois de baixar o aplicativo e fazer o seu cadastro, uma pessoa do Theia entra em contato com o usuário para terminar o onboard e, juntos, montam um plano personalizado.

No momento, a ferramenta conta com os seguintes especialistas: pediatra, psicólogo, pedagogo, ginecologista, nutricionista, especialista em aleitamento materno, terapeuta do sono, educação parental e coaching em carreira. Os atendimentos são por vídeo e chat, 24 horas por dia, de segunda à sábado, com hora marcada.

Porém, com a pandemia do novo coronavírus, Theia abriu a opção para pessoas físicas, com uma semana de graça. Nesse período de teste é possível fazer até duas consultas. Depois, no pacote B2C o assinante tem direito a fazer até cinco consultas por mês.

A proposta da Theia é ser um marketplace de profissionais. No momento, a plataforma conta com 30 especialistas e 18 funcionários. A Solução também oferece uma área de conteúdo próprio sobre os assuntos

Investimentos

Theia é fruto também de investidores anjo. Captaram R$ 7 milhões no ano passado e fizeram questão de procurar por mulheres investidoras. “Como o número de investidoras é menor do que de homens, algumas dessas mulheres fizeram o primeiro investimento anjo da vida delas conosco. Foi um grande trabalho de convencimento para elas entrarem no jogo”, relata.