O presidente do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD), Raymundo Barros, afirmou que a implantação da TV 3.0 no Brasil insere as empresas e todo o ecossistema da TV aberta na economia digital, uma vez que traz oportunidades como unir o mundo da transmissão (broadcast) com a conectividade de banda larga (broadband).

Durante o SET Expo 2023 nesta terça-feira, 8, Barros lembrou que o consumo de Internet pela TV mais que dobrou nos últimos cinco anos passando computador e videogame, e, hoje, a TV Conectada (55%) perde apenas para o celular (99%) como principal forma de o brasileiro acessar à Internet, segundo a pesquisa TIC Domicílios 2022 do CGI.br.

Importante entender que um dos principais atributos do novo padrão de TV é permitir ao consumidor ter a conectividade em sua TV e acessar à web. E, ao mesmo tempo, também permite a ele:

  • Melhoria (upscalling) da qualidade de vídeo com a banda larga, ou seja, uma televisão com transmissão em Full HD pode passar para o 4K ao misturar o sinal tradicional da TV (UHF) com a banda larga (Wi-Fi ou cabo) que possui em sua residência, algo que ocorre atualmente com os aplicativos de streaming (OTTs);
  • Acesso à publicidade dirigida e interativa;
  • Acesso a conteúdos exclusivos pagos ou patrocinados;
  • E compras via comércio eletrônico integrado (T-Commerce).

Políticas e tecnologias

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva transformou a TV 3.0 em política pública a partir do decreto 11.484/2023 e compara o novo padrão com o lançamento da TV Digital, duas décadas atrás: “Assim como feito em 2006, nós (Brasil) daremos um salto. Vamos construir o melhor para a TV 3.0 do Brasil ser referência na América Latina”, disse.

“Estamos olhando os padrões de outros países para compilar tudo e construir o melhor padrão e a melhor tecnologia”, completou Filho, ao enfatizar que o País também faz benchmarking do novo padrão.

O ministro também enfatizou outras vantagens tecnológicas que a TV 3.0 traz para a TV aberta, como imagens em 4K e 8K, som 3D imersivo, suporte HDR (High Dynamic Range) e a conectividade. Atualmente, a viabilidade tecnológica de TV 3.0 está em discussão em um grupo de trabalho gerido pelo Ministério das Comunicações com reguladores e representantes da radiodifusão e audiovisual.

Cronogramas e regulação

O GT está dividido em três subgrupos de trabalho (regulação, tecnologia e implantação) que farão demonstração fim a fim, regulamentação técnica de espectro e planejamento de canais e benchmarking, por exemplo. Um dos participantes do grupo de trabalho é a Anatel: “A Anatel já conversa sobre a TV 3.0 desde o ano passado, antes da política pública. Queremos uma realidade melhor que a americana”, disse Moisés Moreira, conselheiro da agência.

“A TV 3.0 não é apenas uma tecnologia, mas uma forma de consumir mídia. Acredito que TV 3.0 é uma realidade; não é mais expectativa, pois virou política pública. Nós cuidamos do espectro para liberar canais e aprovarmos a tecnologia. Queremos fazer a TV 3.0 em sua plenitude na faixa de UHF, não híbrida igual aos americanos que não têm mais espectro”, completou.

De acordo com o ministro, a ideia é que saia do GT uma proposta de portaria de regulamentação, decreto para a implementação e proposta de normas técnicas, além de um estudo apresentando forma de fomento à implantação da TV 3.0 no Brasil. Essa proposta deve ser entregue até o final de 2024 e deve resultar em um novo Ato Presidencial, como ocorreu em 2006.

Modelos de negócio

Barros, que também é diretor executivo de estratégia da Globo (mas no evento estava apenas como representante do SBTVD), explicou que a TV 3.0 é uma “janela única” para o setor de radiodifusão, ao adicionar “modelos de negócios da economia digital” que hoje não estão inseridos na TV Digital (2.0). É o caso do T-Commerce, ou seja, o comércio eletrônico por meio da TV.

Por sua vez, Filho lembrou que também existe a possibilidade de empresas de mídia criarem conteúdo exclusivo e premium para espectadores que estão dispostos a pagar por uma experiência diferenciada, como programas originais, eventos ao vivo e transmissões esportivas exclusivas, que podem ser uma fonte de receita adicional às companhias do setor.

  1. Outro ponto que o especialista do Fórum SBTVD vê vantagem na tecnologia é o avanço do conceito de Connected TV, que permitirá envio de publicidade direcionada e interativa para o consumidor: “Produzimos conteúdo dos brasileiros para os brasileiros. Esse é um mercado sustentado por publicidade. Vejam que as verbas publicitárias de TV tradicional nos EUA não crescem (média de 60% nos últimos anos). O que cresce são as verbas de publicidade em TV Conectada (36%), pois é de performance, endereçável, individualizado com IA e esta curva de crescimento as redes de TV aberta não se apropriam”, completou.

*Foto: Presidente da SBTVD, Raymundo Barros (de braços cruzados) e o ministro Juscelino Filho (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)

 

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