A entrada de novos meios de pagamentos mobile, como Apple Pay e Google Pay, tem ajudado o setor. Esta é a visão de um concorrente direto dos outros dois players, Paulo Cesar Nascimento, líder do Samsung Pay no Brasil, que participou do MobiShop, evento organizado por Mobile Time nesta segunda-feira, 10, em São Paulo. O executivo frisou que não crê em uma disputa ferrenha entre as partes neste primeiro momento.

“O mercado (brasileiro) pede: quanto mais players de pagamento, melhor. Este segmento de pagamento está apenas começando. Hoje não tem concorrência, pois é uma área que ainda está se criando”, disse Nascimento durante o MobiShop.

“O desenvolvimento deste mercado é algo que vai demorar, exige comunicação e recorrência para o consumidor criar o hábito. Portanto, o trabalho com m-payments e e-wallets é um trabalho de médio e longo prazo, que conta com o apoio das bandeiras, dos bancos e de campanhas de mídia”, completou.

Usando o exemplo do Apple Pay, Thiago Chueiri, diretor de desenvolvimento de negócios da PayPal, explicou que a entrada do meio de pagamento gerou “picos de engajamento” dos usuários com sua plataforma no mês de sua chegada. Assim como Nascimento, Chueiri frisou que o m-payment é um “bolo que está crescendo” no Brasil, mas demanda uma mudança comportamental do consumidor e dos estabelecimentos, algo que “não é fácil”.

Por outro lado, Gilberto Novaes, fundador da Transire, pede mais prudência no uso de novas tecnologias. Para o gestor, é preciso observar o movimento do mercado para entender o que realmente se deve tornar factível para o consumidor, de modo que não atrapalhe o desenrolar de tecnologias em elaboração por aqui.

Presente x Futuro

Os executivos de empresas de meios de pagamentos também apresentaram suas visões sobre o futuro da indústria e dos meios de pagamentos. O diretor executivo de produtos da Visa, Alessandro Rabello, defendeu que o momento é de transformação da indústria, mas haverá uma ligação com o passado.

“Isso vai muito além do celular, estamos falando de pagamentos invisíveis. De acordo estudo da Gartner, haverá 21 bilhões de dispositivos conectados até 2021. Se essa previsão se mantiver, esperamos aumentar em 10 vezes o volume de pagamentos em três anos”, disse o diretor da bandeira de cartões. “Ainda assim, não acredito que o cartão de plástico deixe de existir. Mesmo com tudo indo para o smartphone e tudo ficando conectado, a tarjeta física seguirá existindo, porém como um ‘backup’ do consumidor”.

Assim como seu colega da Visa, o fundador da Transire acredita que a Internet das Coisas é a próxima etapa para sua companhia. Sem explicar quais ações pretende tomar, Gilberto Novaes frisou que deseja levar o pagamento “para dentro de casa”.  Por outro lado, com 2,2 milhões de máquinas de pagamentos enviadas ao mercado em 2017, Novaes reconhece que as novas tecnologias trarão mudanças para sua companhia.

“Acredito que o modelo tradicional de meios de pagamentos vai acabar. A partir de 2020 vamos ter que fazer outra coisa. Isso pode parecer apocalíptico, mas é uma oportunidade fantástica. Pode ver, todas essas soluções que aparecem (P2P, pagamento com QR Code, e-wallets) precisam de hardware que eu posso prover”, disse o empreendedor. “Vejo que é uma ótima oportunidade, mas a máquina de cartão não vai desaparecer. Nós (fabricantes de POS e mPOS) vamos ter que trabalhar com nichos, não vai ser como hoje que vendemos 1 milhão de máquinas para um cliente. Teremos que vender no corpo a corpo, com um bom hardware e bom software para comércios e seus clientes”.