|Atualizada às 21h40, de 11 de novembro| Cerca de 30% das antenas celulares no Amapá estão fora de operação em razão da falta de energia no estado. A proporção varia de 20% a 35%, dependendo da operadora,  informa o superintendente de controle de obrigações da Anatel, Gustavo Borges, em conversa com Mobile Time. A situação já foi pior: logo nos primeiros dias de blackout, mais de 70% das ERBs ficaram sem funcionar.

O impacto sobre a população está sendo minimizado por uma série de medidas tomadas pelo setor de telecom, principalmente a abertura do roaming gratuito entre as redes móveis, permitindo que os usuários realizem chamadas por qualquer operadora quando o sinal da sua não estiver disponível. Borges recorda que a mesma solução foi adotada em Brumadinho/MG, quando do rompimento da barragem da Vale.

São poucas as antenas que contam com geradores de energia, chamados de “grupo motor gerador (GMG)”. Estes geralmente estão instalados nas antenas consideradas prioritárias, seja pela localização ou pelo volume de tráfego. Os geradores são alimentados principalmente com diesel e estão sendo recorrentemente abastecidos pelas operadoras neste período de falta de eletricidade no Amapá.

Além disso, todas as ERBs são dotadas de baterias, que conseguem segurar a operação por algo entre seis e oito horas. Na medida do possível, as teles estão trabalhando na recarga e na troca dessas baterias na rede do Amapá para mantê-la em funcionamento.

“Quando cai a luz por por poucas horas, em qualquer lugar, o celular continua funcionando porque as baterias sustentam a operação da rede. Mas quando se trata de uma interrupção de 24 horas ou mais, não tem bateria que aguente. E não é possível manter um GMG em todas as antenas porque seria caro demais”, explica Borges.

Ele destaca que a Anatel participa do comitê local que gerencia a crise e conseguiu com que o abastecimento de diesel para os geradores de energia das redes de telecom fosse considerado prioritário no estado. Há também um pleito da Anatel para que a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) não inclua as operadoras de telecom no rodízio de energia recém-implementado agora que a distribuição de eletricidade começa a voltar em alguns municípios.

“A Anatel tem procedimentos para a gestão de risco de infraestruturas críticas. Sabemos as estações em cada estado, de cada operadora e para cada serviço. Fazemos um trabalho de prevenção, mas eventualmente acontecem emergências, para as quais temos um protocolo de reação. Abrimos um gabinete de crise para a Anatel coordenar um esforço junto com as operadoras”, descreve o superintendente do órgão regulador.

Poucas reclamações até agora

A Anatel informa que não houve nenhum pico de reclamações diárias sobre serviços de telefonia móvel no Amapá na primeira semana de novembro. Ao contrário, considerando o período de 1 a 7 de novembro houve uma queda na quantidade de queixas em comparação com a média semanal desde setembro.

A superintendente de relações com os consumidores da Anatel, Elisa Leonel, pondera, contudo, que o número de reclamações talvez não seja um bom termômetro da situação. “As pessoas estão com problemas muito graves e talvez nem tenham meios para reclamar e exercer direitos nesse momento”, comenta.

Extensão da rede

Existem 285 ERBs no Amapá, das quais 202 estão concentradas na capital, Macapá, e 41, no município de Santana, em sua região metropolitana, de acordo com dados do Teleco.