A cobertura 5G já é uma realidade no Brasil, mas o seu avanço e uma possível rede 6G no segmento de Internet das Coisas dependem não apenas de mudanças na infraestrutura. Durante painel realizado na 9ª edição do Latin American and Brazilian Congress on IoT (LabCIoT), em São Paulo, nesta terça-feira, 29, especialistas comentaram sobre as possibilidades e foram unânimes sobre a necessidade de pensar em como fazer com que a energia elétrica atenda à maior demanda, ao tempo em que o fluxo de dados entre torres seja garantido.

O diretor de inovação da American Tower, Janilson Bezerra, mencionou os impactos da evolução para o 5G, para exemplificar o tamanho do desafio. “A introdução dessa tecnologia foi uma revolução, mas o consumo de energia elétrica aumentou. As antenas mudaram, de passivas se tornaram ativas”, explicou. Para ele, a área de telecomunicações precisa ser repensada.

Outro ponto levantado pelos participantes é que ainda há muitas áreas sem cobertura e o setor agrícola é um dos mais afetados. Na visão do diretor de relações institucionais da Vivo, Tiago Machado, a grande questão é que já existe o 5G, mas não a estrutura para que ele avance.

Algo que vai ao encontro ao que o diretor de soluções e tecnologia da Ericsson, Paulo Benardocki, compartilhou no evento. “O que bloqueia o 5G é o mesmo que impede o avanço da IoT. Precisamos destravar isso, encontrando aplicações para que tenhamos um modelo sustentável”, explicou. 

E o 6G?

Bezerra considera que a rede ainda é “uma página em branco” e é preciso entender quais são os seus impactos na implementação. “É preciso considerar a importância do 6G, por exemplo, na prevenção de desastres naturais. Ao mesmo tempo, a pergunta ‘até onde vai a cobertura?’ simplesmente não pode mais existir. A conexão tem que chegar a todos”, enfatizou o diretor da American Tower.

A preocupação com a inovação também foi um ponto levantado no evento. Machado comentou sobre os desafios em relação à segurança e à privacidade dos usuários. “Conforme a tecnologia avança, os ataques também se sofisticam. O país não pode se digitalizar, sem garantir a seguridade de todos, tanto no âmbito técnico quanto no jurídico”, disse o diretor da Vivo.

Desafios a serem vencidos a médio prazo

Em 2020, dispositivos IoT e máquinas M2M foram beneficiados pela Lei 14.018, que prevê a isenção do Fistel, da Contribuição para o Fomento da Radiodifusão Pública (CRFP) e do Condecine. O problema apontado pelos painelistas é que essa isenção tributária acabará no final de 2025 e, caso não seja prorrogada, proporcionará um ambiente de insegurança regulatória e de investimento.

Outro dilema enfrentado pela indústria de telecomunicação é a segurança. No final do painel, Machado compartilhou que a Vivo teve 25,7 milhões de metros de cabo roubados no Brasil, no último ano. Além disso, a manutenção de redes em áreas que sofrem com o controle de milícias ou do tráfico é bastante difícil. “Dependemos de políticas públicas fiscais, de segurança e estruturais”, destacou o diretor da operadora.