A apresentação do Plano Nacional de Internet das Coisas (PNIoT) na última semana é visto por muitos como um marco para desenvolver o ecossistema tecnológico brasileiro. No entanto, executivos do setor ressaltam que existem problemas a serem resolvidos que não foram cobertos pelo documento, como padrões de redes, regulação, incentivos à produção de insumos e à compra de hardware.

Em resposta ao Mobile Time nesta terça-feira, 10, Rogério Tomasini, diretor de negócios digitais na Tivit, elogia a escolha das verticais de agricultura, saúde, cidades inteligentes e indústria como as prioritárias para o País. Mas critica a falta de leis para o incentivo ao desenvolvimento da Internet das Coisas.

"O BNDES hoje está em uma sinuca bico. Como fomentar o IoT se não tem legislação? Faltou mais participação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para acelerar a regulamentação”, diz Tomasini.

A sócia-fundadora da Dev, Silvia Takey, disse que sente a falta de fomento para o desenvolver dispositivos e escalar produtos de Internet das Coisas. Ainda assim, ela frisa que o fato de IoT e o plano apresentado pelo BNDES terem sido os principais temas do Futurecom neste ano mostra um interesse da sociedade. Por outro lado, a  empreendedora vê uma necessidade de mais apoio das grandes empresas para as start-ups: “Não dá para esperar que os programas de governo façam tudo. O ecossistema de eletroeletrônicos é muito incipiente se comparado com EUA e China. As empresas precisam dar esse espaço ao risco (start-ups). Ou vamos perder mais uma oportunidade de sermos uma grande player mundial, como aconteceu com PCs e smartphones”.

Tomasini acredita que do lado das companhias privadas o problema é o foco, uma vez que nos primeiros anos do IoT no País a maioria dos projetos mirou em eficiência e redução de custos, com poucas corporações investindo agora, em um cenário econômico em crise. Outra celeuma que o executivo aponta é a falta de profissionais bem preparados em tecnologia.

“Nossa barreira principal é estrutural. Hoje não temos uma educação tão boa como nos países maduros. Eu vi na Fatec jovens criando start-ups com sucata”, disse o executivo. “Apesar da nossa vocação em desenvolvimento de software, temos dificuldade em trazer bons profissionais para nossas empresas. Além disso, muitos pesquisadores do Brasil estão indo para fora do País. Principalmente em saúde”.