A Shippify, uma start-up de origem equatoriana, está crescendo rapidamente no Brasil adotando o conceito de crowdsourcing para logística urbana, com foco em entregas de última milha para lojas da Internet. A empresa basicamente conecta sites de e-commerce a uma comunidade de entregadores autônomos, que somam 10 mil no mundo, sendo 7 mil somente no Brasil. O meio de transporte pode ser qualquer um. Basta estar disponível e ser cordial, seguindo um padrão de qualidade determinado em treinamentos realizados pela Shippify. A maioria dos entregadores têm carro ou moto, mas há também gente com bicicleta e até skate. E a empresa já pensa em adotar drones no futuro.

"Não somos uma empresa de logística, mas de tecnologia. Criamos uma comunidade de entregadores, que usam bike, carros, vans etc. Verificamos a documentação de cada um para garantir a confiabilidade do serviço. E conectamos esses entregadores a emprsas parceiras que precisam de serviço de entrega para o mesmo dia", explica Lucas Grossi, gerente de relacionamento da Shippify.

Na prática, a Shippify funciona como um serviço de entregas terceirizado para sites de e-commerce. Ela oferece uma API para que seu serviço seja embutido no site, de maneira integrada ao processo de compra. Assim que o consumidor conclui o pagamento e solicita a entrega, o sistema dispara um pedido para o entregador disponível mais próximo, que o recebe em um aplicativo no smartphone (Android, iOS). Obvivamente, é levado em conta o produto a ser entregue e o meio de transporte do entregador. Há desde entregas de produtos orgânicos até vestidos de noiva. A princípio, a Shippify prefere não entrar no segmento de delivery de comida. "Entrega de refeição requer uma agilidade maior, por isso não focamos nisso. Mas se você comprar uma camiseta na Internet e recebê-la em menos de duas horas, é uma excelente experiência, não?", compara Grossi. Hoje 350 empresas utilizam a plataforma de entregas da Shippify. A movimentação do entregador pode ser acompanhada on-line pelos clientes.

O preço da entrega varia de acordo com uma série de fatores, como distância, tempo e região da cidade. Grossi garante que em média o custo é 40% menor do que o de um motoboy. O preço médio na Shippify gira em torno de R$ 9,50. Isso só é possível porque a plataforma otimiza as entregas, agrupando várias tarefas para um mesmo entregador, desde que façam sentido em sua rota. 80% do valor da entrega é repassado para o entregador. Segundo Grossi, há gente que consegue tirar até R$ 4 mil por mês com o Shippify, saindo de casa diariamente com 10 a 20 entregas. Mas há também quem se ofereça para trabalhar nas horas vagas, como nos finais de semana ou em determinados horários livres do dia, para gerar uma fonte extra de renda. De acordo com o executivo, há muitos motorista de táxi e de Uber trabalhando para  Shippify.

Hoje o serviço está disponível nas seguintes cidades brasileiras: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Brasília. No exterior, está nas cidades de Santiago, Quito e Guaiaquil. Até o final do ano, o plano é levar o Shippify para mais cinco ou seis cidades brasileiras, além de abrir a operação no México, na Colômbia e na Argentina. A projeção é chegar a dezembro com uma comunidade de 12 a 13 mil entregadores somente no Brasil, diz Grossi.