Mapear ocorrências criminais nas grandes cidades do Brasil de forma colaborativa, a partir de alertas enviados pelos próprios cidadãos por meio de seus smartphones: essa é a proposta do aplicativo CityCop (Android, iOS). Criado originalmente no Uruguai por um dos mentores da Endeavor, o app foi traduzido para português e adaptado à realidade brasileira, tendo sido lançado aqui em agosto. Em pouco mais de um mês, alcançou 40 mil usuários no Brasil, quase um terço do total que tem no mundo (130 mil). E seus investidores apostam em um crescimento rápido neste fim de ano: a projeção é atingir 1 milhão de usuários no mundo, dos quais 500 mil no Brasil, até dezembro.

"Cada novo usuário acaba atraindo outros muito rapidamente. É um fenômeno como o Waze", relata Carlos Miranda, CEO do CityCop no Brasil e um dos investidores do BR Opportunities, fundo de venture capital fez um aporte na empresa para viabilizar sua vinda ao Brasil. Para ajudar no crescimento da base, a start-up conta com três gerentes de comunidade (dois em São Paulo e um no Rio de Janeiro) que se encarregam de contactar associações de moradores e outras entidades civis para estimular a utilização do app.

O download e a utilização do CityCop são gratuitos. Miranda ainda não sabe como será feita a monetização e garante que os sócios não estão preocupados com isso. "Queremos primeiro criar massa crítica, para depois pensar na monetização", argumenta o executivo, que também é mentor da Endeavor. Até o momento, a start-up já recebeu quase US$ 1 milhão em investimento. O BR Opportunities é sócio minoritário.

Como funciona

A primeira tela do CityCop é um mapa da cidade, tendo como centro a localização do usuário. Nele, é possível ver ocorrências criminais ao redor denunciadas por outros usuários. Cada tipo de ocorrência tem um símbolo diferente. São nove ao todo: roubo a pessoa; roubo de veículo; roubo de casa; roubo de comércio; atividade suspeita; homicídio; vandalismo; venda de drogas; e extorsão/corrupção (este último foi inserido recentemente por sugestão da operação brasileira). É possível filtrar as ocorrências exibidas por período de tempo (últimas 24 horas; 48 horas, 7 dias; ou desde que o app foi lançado).

Para denunciar, basta apertar um botão com um símbolo de um bandido: é aberta uma janela para que seja descrito o ocorrido e apontada a localização exata sobre o mapa. É possível adicionar uma foto à ocorrência. Cada denúncia pode ser anônima ou não, a critério do usuário. Há espaço para comentários em cada ocorrência.

O app permite que o usuário demarque no mapa as regiões de seu interesse, sobre as quais deseja ser informado em caso de denúncias. Cada região recebe um nome (casa, trabalho, escola etc), para facilitar a comunicação quando houver alertas.

Utilização

Em Montevidéu, onde está em operação há um ano, o app acumula 380 mil denúncias. No Brasil, em apenas um mês, foram 10 mil denúncias em São Paulo e 8 mil no Rio de Janeiro. Porto Alegre ocupa o terceiro lugar. "Roubo a pessoa" é a ocorrência mais comum em São Paulo e no Rio (veja as listas abaixo com os percentuais por tipo de denúncia nas duas cidades). Segundo a empresa, mais de 65% das denúncias em São Paulo acontecem entre 8h e 11h e entre 17h e 23h. No Rio, mais de 45% são feitas entre 9h e 10h e entre 16h e 22h.

A empresa disponibilizou na Internet um mapa da criminalidade em São Paulo, onde é possível visualizar rapidamente os bairros com maior quantidade de ocorrências. Em breve será feito um do Rio de Janeiro.

Análise

A ideia de se mapear de maneira colaborativa ocorrências criminais através de um app não é nova. Pelo menos três aplicativos nacionais surgiram ao longo dos últimos dois anos tentando fazer o mesmo: BO Coletivo, Liga e QAP Mobile. Todos foram tema de matérias em MOBILE TIME. Nenhum deles, contudo, se tornou efetivamente popular, talvez porque faltasse um fundo investidor mais robusto dando apoio financeiro. Essa é uma das principais vantagens do CityCop, além de carregar consigo a experiência acumulada em Montevidéu.

São Paulo

Roubo a pessoa 26.94%

Venda de Drogas 25.32%

Roubo a veículo 22.10%

Atividade Suspeita 10.81%

Vandalismo 5.16%

Roubo a residência 3.87%

Extorsão / Corrupção 3.39%

Roubo a comércio 2.10%

Homicídio 0.32%

Rio de Janeiro

Roubo a pessoa 48.23%

Atividade Suspeita 19.15%

Roubo a veículo 14.18%

Venda de Drogas 5.67%

Roubo a comércio 4.26%

Roubo a residência  3.55%

Homicídio 2.84%

Vandalismo 1.42%

Extorsão / Corrupção 0.71%