O cidadão brasileiro agora tem uma nova arma contra o crime: o seu smartphone. Foi lançado esta semana o "B.O. Coletivo", um app colaborativo que tem como objetivo mapear nas grandes cidades os locais onde ocorrem assaltos, furtos e outros incidentes relacionados a segurança pública.

A iniciativa partiu de um grupo gaúcho homônimo que desde maio promove uma ação nas ruas de Porto Alegre que consiste em colar cartazes com a frase "Aqui fui assaltado" e um espaço para que as vítimas assinem seus nomes. "É uma forma de protestar e de divulgar essa informação, para evitar que outras pessoas sejam vítimas nos mesmos locais", explica Ricardo Maluf, um dos fundadores do grupo, que hoje conta com seis membros ativos e não tem fins lucrativos. A ideia foi levada para outras cidades, como Rio de Janeiro ou Maceió, e logo surgiu o convite para a criação de uma versão em aplicativo móvel, com o desenvolvimento feito de graça pela Stout26, produtora de Porto Alegre.

O app permite que o usuário marque no mapa o local onde foi vítima. Cada inserção vira um alfinete colorido sobre a cidade (é usado o Google Maps) e se torna visível para todos. As cores variam de acordo com o tipo de ocorrência: vermelho para roubos; preto para furtos; bege para sequestros; e verde para outros. É possível clicar no alfinete e ver mais detalhes informados pela vítima. Para incluir qualquer ocorrência, o sistema exige a autenticação via Facebook. A identidade das pessoas, contudo, é preservada: seu nome não aparece vinculado ao caso reportado no mapa.

Nesses primeiros dias de vida do app, a maioria das ocorrências são de Porto Alegre, onde vive a maioria dos idealizadores. Mas na prática é possível informar sobre assaltos em qualquer lugar do mundo que conste no Google Maps. Em uma versão futura do aplicativo, as ocorrências serão agrupadas por bairro nas grandes cidades e será criada uma escala de cores para indicar as áreas mais perigosas. Uma sugestão deste noticiário: criar filtros por período, para verificar o crescimento ou a diminuição de ocorrências em uma determinada área ao longo do tempo. Por enquanto o app está disponível apenas para iOS. A versão para Android será lançada até o fim do mês

Não está nos planos do grupo gerar receita com o aplicativo. O único custo até o momento foi com espaço em um servidor para hospedar o software, o que foi rateado entre os membros. "Quando houver um banco de dados mais consolidado, vamos à secretaria de segurança para ver o que pode ser feito a respeito. Vamos cobrar uma ação, pelo menos em Porto Alegre", diz Maluf. Ele espera que o app seja útil para turistas estrangeiros durante a Copa do Mundo de 2014. Por isso, o aplicativo conta com versões em inglês e espanhol, além de português.

Análise

No Brasil, onde poucas pessoas reportam ocorrências de roubos e furtos nas delegacias, um app como este, se ganhar popularidade, pode complementar os dados oficiais das secretarias de segurança pública.