O fenômeno dos bloqueadores de anúncios para sites móveis (ou adblockers, em inglês) está fomentando uma profunda discussão sobre como evitar que o usuário se sinta incomodado com os anúncios na tela do seu smartphone. Um dos segmentos mais afetados pela proliferação dos adblockers é o de notícias, já que a maioria dos jornais e portais de jornalismo está disponível na forma de site e se sustenta com a venda de espaço publicitário. MOBILE TIME realizou nesta quarta-feira, 14, um levantamento abrangendo os sites móveis de 20 dos principais jornais impressos, revistas e portais web. O objetivo foi identificar quais os problemas mais recorrentes. Foram comparadas as homepages móveis dos seguintes veículos: Correio 24 Horas, Correio Braziliense, Diário Catarinense, Estadão, Estado de Minas, Folha de São Paulo, G1, Gazeta do Povo, iG, Jornal do Commercio (Pernambuco), Lance!, O Dia, O Globo, O Popular, R7, Terra, UOL, Valor Econômico, Veja e Zero Hora. O acesso foi feito a partir de um Asus Zenfone 2, com navegador Chrome, em uma rede Wi-Fi de 10 Mbps.

Primeiramente, um aspecto positivo: todos possuem versões móveis. Em 19 deles o redirecionamento é feito automaticamente quando o endereço tradicional é acessado por um navegador móvel – a única exceção foi a página do Diário Catarinense, que é aberta na versão desktop e requer um clique a mais para ir à versão móvel.

Outro ponto positivo é que a quantidade de espaços publicitários na versão móvel é relativamente pequena se comparada com as homepages para desktop. A maioria possui entre três e quatro anúncios, geralmente um banner retangular no alto, um ou dois banners quadrados ao longo da página, e um retangular no pé. As exceções são a homepage do Terra e do Estadão, nas quais foram encontrados 32 e 17 propagandas, respectivamente, e, por outro lado, o Valor Econômico, onde não havia nenhuma. A média dos 20 sites foi de 5,6 propagandas por homepage – número puxado para cima por causa do Terra e do Estadão.

O problema que mais chamou a atenção foi a farta quantidade de banners ilegíveis, com letras minúsculas, o que indica que foram simplesmente importados da versão para desktop, sem qualquer adaptação. Cabe ressaltar que o levantamento foi feito em um smartphone com tela de 5,5 polegadas.

Foram verificados casos em que os anúncios não foram abertos por causa de alguma incompatibilidade com o navegador utilizado na pesquisa, o Chrome. Isso aconteceu nas homepages da Gazeta do Povo e do Correio Braziliense, em quatro anúncios ao todo.

Menos da metade dos sites discriminam os espaços publicitários como tais. Para ser preciso, esse cuidado foi verificado em apenas sete dos 20 veículos pesquisados.

Foi encontrado durante a pesquisa apenas um caso de anúncio em formato de pop-up: na abertura da homepage do jornal O Popular, de Goiânia. Era uma propaganda do governo estadual de Goiás. O pop-up desaparecia após alguns segundos, ou se o usuário clicasse em um botão com a letra X no alto, à direita.

Tempo de acesso

MOBILE TIME testou acessar os referidos sites com um browser que bloqueia anúncios, o Ghostery, e comparou o tempo para abertura da homepage. Em média, com o adblocker os sites levaram metade do tempo para serem descarregados, mesmo aqueles com maior quantidade de anúncios. No caso do Terra, percebe-se que a página abre primeiro todos os conteúdos editoriais para só depois servir os anúncios, o que é positivo.

Esta matéria faz parte de um conjunto de três sobre o fenômeno dos adblockers e sua repercussão no Brasil. Veja abaixo as outras duas matérias sobre o tema.