O Mobli, app que funciona como uma rede social móvel de fotos e vídeos, prepara o lançamento de uma ferramenta para a transmissão de vídeos ao vivo (streaming) pelos usuários. A novidade foi revelada pelo fundador e CEO do Mobli, o israelense Moshe Hogeg, em entrevista por telefone para MOBILE TIME. Questionado sobre eventuais problemas relacionados ao licenciamento de imagens em shows musicais e eventos esportivos, ele explica: "Nós fornecemos as ferramentas, mas não decidimos como elas serão usadas".

Mais de 500 milhões de fotos já foram publicadas no Mobli. Seu diferencial é organizá-las por assuntos, através de hashtags, que podem ser seguidas pelas pessoas. O Mobli foi aberto ao público oficialmente no começo do ano passado. Levou 12 meses para alcançar a marca de 5 milhões de usuários. E somente nos últimos dois meses conquistou mais 4 milhões, tendo agora uma base de 9 milhões. O Brasil é o segundo país com a maior quantidade de usuários do Mobli: 1,2 milhão. Trata-se do mercado que cresce mais rapidamente, fazendo com que Hogeg projete que dentro de três meses o Brasil vai liderar o ranking, ultrapassando os EUA. A meta mais conservadora da empresa é chegar ao fim do ano com 15 milhões de usuários no mundo. A mais otimista é de ultrapassar os 20 milhões, informa. O Mobli está disponível para Android, iOS e Windows Phone, e ganhará em breve uma versão para PCs.

Moshe conseguiu atrair como investidores para seu projeto celebridades como o ator Leonardo DiCaprio e a tenista Serena Williams, tendo levantado US$ 30 milhões em duas rodadas de investimento. A monetização do serviço será baseada em publicidade, que só começará a ser explorada depois que for superada a marca de 30 milhões de usuários.

Moshe contou a MOBILE TIME um pouco da história por trás do aplicativo. Leia abaixo a entrevista.

Qual a história por trás do Mobli? Por que criar mais uma rede social móvel de imagens se já existe uma tão bem sucedida como o Instagram?

Começamos dois anos atrás. A ideia surgiu quando fui a um show de música e mal conseguia ver o palco por causa da quantidade de gente tirando fotos com seus celulares. Depois, a minha irmã, que adorava o cantor daquele show, disse que queria muito ter ido. E eu pensei: por que ela não poderia estar lá através dos telefones das outras pessoas? Então comecei um protótipo. Tudo no mundo hoje é registrado com fotos e vídeos. Não usamos mais câmeras tradicionais, mas smartphones Android, iPhone etc. Os smartphones têm ótimas câmeras. Têm GPS e conexão. Queria criar uma máquina que mostrasse o que está acontecendo no mundo e até viajar no tempo, para o passado. Uma máquina que mostrasse tudo o que você quiser ver em qualquer lugar do mundo. Não havia Instagram naquela época, mas já havia Facebook e Twitter. Eu me perguntei: por que as pessoas compartilham fotos? Concluí que é para ter feedback. Isso é essencial para o compartilhamento. E as ferramentas na época não eram boas o suficiente para um compartilhamento global. Se eu publicar fotos da minha família, talvez você não se interesse. Mas se publicar fotos com o Ronaldinho, um fã de esporte pode se interessar. O Facebook só permite publicar fotos para amigos e para a família. E o Twitter não é visual. Então criamos o Mobli, para que as pessoas possam compartilhar fotos com outras pessoas que tenham interesses em comum, organizados em hashtags. Pode-se seguir o time do Barcelona, por exemplo. Ou o Camp Nou. Imagine na Copa do Mundo seguir o Maracanã! Todas as fotos do Maracanã serão integradas nessa hashtag.  Mobli é uma plataforma visual, com fotos e vídeos. Algumas pessoas disseram que não devíamos juntas as duas coisas na mesma plataforma (fotos e vídeos). Até o CEO do Instagram disse isso. E agora o Instagram incluiu uma ferramenta de vídeo.

Estamos trabalhando para permitir transmissão de vídeos ao vivo. Em dois ou três anos, se houver hologramas, vamos incluí-los também. E estamos ao mesmo tempo trabalhando em uma versão para o Google Glass e outros devices de realidade aumentada.

Quando essa funcionalidade de vídeo ao vivo será lançada?

Não sei. Estamos trabalhando duro nisso.

Seria uma ferramenta bastante útil aqui no Brasil, para transmitir as manifestações que estão acontecendo.

Com certeza. Contabilizamos mais de 7 mil fotos no Mobli sobre as manifestações até agora. Muita gente no exterior gostaria de ver ao vivo o que está acontecendo no Brasil.

Quando o Mobli foi lançado oficialmente?

Fizemos um soft launch em maio de 2011 restrito para 10 mil pessoas. E cerca de um ano atrás abrimos para o público. Levamos um ano para chegar a 5 milhões de usuários. E adicionamos 4 milhões somente nos últimos dois meses.

Quantos usuários o Mobli tem no Brasil?

Temos 1,2 milhão de brasileiros no Mobli. É o país que cresce mais rapidamente. Em três meses será o número 1. Hoje são os EUA.

Qual a sua projeção para o fim do ano?

Nossa meta conservadora é alcançar 15 milhões de usuários. A meta otimista, implementando uma campanha de marketing mais forte, é de superar os 20 milhões.

Como o Mobli vai gerar receita?

Vamos monetizar com a promoção de conteúdos de marca, como fazem Twitter e Facebook.

Quando isso vai começar?

Não queremos fazer isso agora. Estamos focados em melhorar a experiência do usuário. Só vamos começar a vender publicidade depois de alcançarmos 30 milhões de usuários.

O Mobli deve ter investidores de peso por trás para segurar a operação até lá…

Sim. Conseguimos US$ 30 milhões em duas rodadas de investimento. Leonardo DiCaprio, Tobey Maguire e Serena Williams estão entre os investidores.

Pensa em fazer versões para outros sistemas operacionais além de Android e iOS?

O Mobli já está disponível para Windows Phone. E vamos lançar uma versão completa para PC, que permitirá que as pessoas subam e editem fotos. Isso é importante para países emergentes, onde nem todo mundo tem um smartphone.

E para Blackberry?

O Blackberry é muito focado no mercado corporativo. Sendo politicamente correto, eu diria que os aparelhos Blackberry não são otimizados para mídia…

Voltando à ideia da ferramenta para transmissão ao vivo: isso não poderia gerar problemas relativos aos direitos de imagem de shows e eventos esportivos?

Nós fornecemos as ferramentas, mas não decidimos como elas serão usadas. Se recebermos reclamações, vamos retirar (o vídeo em transmissão). Mas uma vez ao vivo, depois que passar, passou. Sinceramente, acho que as leis vão ser mudadas logo. Não vão poder proibir as pessoas de levarem seus smartphones a um jogo. E, de qualquer forma, essa ferramenta não vai substituir a TV. A experiência da TV é completamente diferente.

Gostaria de acrescentar algo mais?

O Brasil é um mercado que amamos. É absurdo que todos falem dos EUA, que são apenas 300 milhões de pessoas, enquanto lá fora há 6,7 bilhões. Os brasileiros são conhecidos por gostarem de redes sociais. São 200 milhões de pessoas. Nossa base no Brasil cresce todo dia. É o nosso alvo número um.

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