Além de ter anunciado novos processadores nesta quinta-feira, 11 (os Snapdragons 625, 435 e 425), a Qualcomm também apresentou o novo modem LTE para chipsets móveis, o Snapdragon X16. A empresa declara que é o primeiro componente do tipo capaz de suportar velocidades (em condições ideais) de até 1 Gbps, ou a categoria 16 da tecnologia (LTE Cat16). A questão é que, para tanto, utiliza espectro não licenciado.

A promessa da fornecedora é conseguir a capacidade de throughput utilizando a mesma quantidade de espectro que a versão X10, de 2014 (e que atingia máximo de 450 Mbps), dispunha – um total de 60 MHz com a agregação de três portadoras de 20 MHz. Para tanto, utiliza mais antenas e mais processamento digital de sinal, recebendo dez canais de transferência (cada um capaz de atingir 100 Mbps) simultâneos com quatro antenas de múltiplas entradas e saídas (4 x 4 MIMO).

A companhia afirma ainda que o X16 é o primeiro a suportar o que chama de LTE Advanced Pro, que utiliza a tecnologia de acesso licenciado assistido (LAA). Trata-se de uma evolução da tecnologia LTE-U, que também utiliza espectro não licenciado (na mesma faixa de 5 GHz que o Wi-Fi), mas com a diferença de usar um protocolo de contenção conhecido como "escute antes de falar" (LBT, na sigla em inglês). Por conta disso, recebe apoio do 3GPP para padronizar a convivência sem interferência com o Wi-Fi. E é com essa adição de frequências não licenciadas que o novo componente consegue utilizar as mesmas três portadoras de 20 MHz de espectro licenciado que a versão anterior.

A Qualcomm espera que os primeiros aparelhos equipados com o modem Snapdragon X16 sejam disponibilizados no segundo semestre. O funcionamento, claro, dependerá de redes e operadoras que suportem as mesmas tecnologias.

Oposição

O problema é que nem todo mundo está tão confortável com a utilização de espectro licenciado e não licenciado ao mesmo tempo, especialmente pela possibilidade de interferências no Wi-Fi. Em carta enviada ao órgão regulador norte-americano Federal Communications Commission (FCC) em junho do ano passado, o Google, que utiliza fortemente a cobertura de Wi-Fi nos EUA para iniciativas como a MVNO Project Fi, afirma que estudos próprios e de terceiros confirmariam que, "em várias circunstâncias, o LTE-U (englobando também o LAA) coexiste de forma pobre com o Wi-Fi na banda de 5 GHz". Diz ainda que mesmo o LAA "não é, por si, uma garantia de compartilhamento efetivo com outros usuários na banda de 5 GHz".

Há ainda um estudo da CableLabs, um consórcio de provedores de banda larga fixa, que afirma que, com mais clientes utilizando a mesma técnica de backoff não-adaptiva, o resultado é "número maior de colisões e desempenho reduzido".