A Oi procura demonstrar confiança no andamento do processo de recuperação judicial, incluindo a etapa de renegociação de dívida, afastando problemas com discrepância de valor com a Anatel, grupos de credores e, no momento, evitando as opções de venda de ativos e de entrada de investidores internacionais. "O mais importante agora é equacionar a dívida e continuar o foco operacional, acho que a discussão de sócio é mais para frente", declarou o presidente da companhia, Marco Schroeder, em conversa com jornalistas nesta quarta-feira, 19, na Futurecom. "Eventualmente alguém pode contatar a empresa, mas pessoalmente não acho que isso vai evoluir dentro da rapidez que a negociação da dívida exige e que a gente pode esperar", completou. Um dos interessados seria o bilionário egípcio Naguib Sawiris, que recentemente demonstrou interesse na brasileira.

Da mesma forma, embora não descarte um eventual fatiamento ou consolidação, ele prefere afastar a possibilidade no curto prazo. "Eu não acredito em venda de ativos neste momento no Brasil, a gente tem que focar em renegociar a dívida", insistiu Schroeder.  Ele acredita que o mercado brasileiro é muito integrado, e que "pode se falar em venda de ativos e consolidação, mas é um processo para dois ou três anos depois de equacionar a dívida". E seguiu: "Acho que tem oportunidade de mudança no mercado brasileiro, mas não é para agora."

Por uma "oferta justa", entretanto, ele considera desinvestir dos ativos não estratégicos para a empresa, como as participações em operadoras na África (Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Namíbia e Angola) e no Timor. O executivo diz que a empresa não efetuou a venda desses mesmos ativos antes justamente porque não houve oferta com valor considerado justo. "Até por isso tem que ser um processo controlado de negociação de dívida, para não ter que vender por um preço baixo."

Outros credores

O executivo também explicou que o processo de negociações com os 67 mil credores respeitou os prazos, mas que há um "período natural" para as conversas. A negociação com fornecedores e trabalhadores, por exemplo, já teria chegado ao final com propostas aprovadas. Para outro grupo, ele disse estar esperando contrapropostas. "A questão da dívida é uma das poucas coisas que estamos alinhados, vale para acionista, credor, regulador; ninguém quer criar impasse dentro da Oi", garante.

Na visão de Schroeder, a recuperação judicial está acontecendo independente de fatores como a eventual mudança do modelo de concessões, uma vez que o plano apresentado foi feito com base no cenário atual. Há a possibilidade de sanar problemas sem esperar pelo PL 5435/2015, contudo, como a questão das obrigações de telefones públicos (TUPs), nas quais a Anatel poderia mexer por meio do PGMU.

As recentes declarações por parte do ministro Gilberto Kassab de não intervir e nem injetar recursos públicos na Oi foi corroborada de forma contundente por Schroeder. "Nunca se falou em dinheiro público nesse processo", disse. "A gente não trabalha com esse cenário", concluiu.