| Publicada originalmente no Teletime | Com o sugestivo nome de “A curta lua-de-mel: compradores da Oi Móvel demandam 22% de ‘cashback'”, o relatório da consultoria de mercado UBS aponta para um impacto significativo da nova disputa sobre o preço final da venda da área de celular da operadora em recuperação judicial. Isso porque consideram que se a Oi tiver que pagar o valor integral de R$ 2,1 bilhões e deixando de recuperar o restante que já está retido com a Claro, TIM e Vivo, a companhia adicionaria uma alavancagem de 2,5x na relação dívida líquida/EBITDA na estimativa para 2023.

O “cashback” citado pelo relatório tem o total de R$ 3,5 bilhões, na soma de R$ 3,2 bilhões de “indenização” e mais R$ 350 milhões em despesas. O integral de R$ 2,1 bilhões é a indenização que as teles pedem além da quantia retida de R$ 1,4 bilhão. O valor inicial da venda da Oi Móvel foi de R$ 16,5 bilhões.

“Com os juízes monitorando a capacidade da Oi de repagar os credores, nós acreditamos que os ajustes [de preço final da venda do ativo] poderiam ser um passo para trás significativo nos planos de sair da Recuperação Judicial”, diz o analista Leonardo Olmos e os analistas associados André Salles e Lucas Chaves no relatório. O processo continua correndo na 7ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, embora a última movimentação registrada ainda seja do dia 16 de setembro, na véspera da data de notificação enviada pelo trio Claro, TIM e Vivo.

Na avaliação dos analistas da UBS, as declarações da TIM para justificar o reajuste do preço da aquisição da Oi Móvel podem trazer um “resultado menos construtivo”, já que “traz incerteza sobre os custos adicionais” para a operação. Afirmam ainda que, na situação atual, a Oi teria dificuldade de cumprir esse pagamento. Ressaltam também que a Oi provavelmente iria (e de fato, já o fez) disputar os ajustes, “criando uma nova distração para todos envolvidos”.

Ainda assim, destacam, “nós vemos um impacto limitados nas nossas estimativas de sinergia, já que centralizamos todo o benefício nas sinergias de infraestrutura.” No comunicado da segunda-feira, a Oi afirmou que continuará normalmente no processo de migração da operação de celular para as três operadoras. Teletime confirmou com o presidente da Anatel, Carlos Baigorri, que a agência não vê motivos para se preocupar com uma eventual dissolução da operação.