Executivos do alto escalão de grandes empresas têm diariamente conversas de negócios que precisam ser tratadas com sigilo absoluto. A interceptação de detalhes de uma negociação por concorrentes pode representar o cancelamento de contratos milionários. Foi pensando em um público formado por presidentes, vice-presidentes e advogados envolvidos em processos de fusões e aquisições que a empresa brasileira Sikur, do grupo Ciberbrás, desenvolveu o Sikur Mobile, a versão móvel da sua solução de comunicação criptografada.

Trata-se de um aplicativo que permite estabelecer uma troca de mensagens de texto em ambiente criptografado com dupla autenticação (através de login e senha, além de um PIN que chega por mensagem push para o celular). O app fecha automaticamente depois de alguns minutos sem uso e exige novamente a autenticação. O histórico de mensagens é apagado depois de encerrado o bate-papo e as mensagens são destruídas. "Usamos criptografia de nível militar", garante Cristiano Iop, CEO da Sikur.

O app é conectado com a versão para desktop da solução, que inclui também e-mail e troca de documentos criptografados em ambientes sem backdoor. A opção de e-mail será estendida para os celulares em breve. A parte de documentos ainda requer mais desenvolvimento para ser oferecida com segurança em dispositivos móveis. No desktop, a dupla autenticação é feita com ajuda de um token, similar àquele usado por bancos. A Sikur estuda a possibilidade de adotar um token para os smartphones, que se encaixe na entrada PS2.

A empresa estuda a possibilidade de incluir no futuro chamadas de voz dentro do app, mas Iop reconhece que há dificuldades técnicas: o processo de criptografia gera um delay que pode prejudicar a comunicação de voz, o que seria agravado pela qualidade das redes celulares no Brasil.

A Sikur apresentou sua solução no Mobile World Congress (MWC) em Barcelona, em fevereiro. A empresa planeja montar escritórios nos EUA e na Europa em 2015 para exportar o produto. Na América Latina, conta com uma parceria com as distribuidoras Officer Brasil e MGI International. No momento há mil usuários ativos da solução para desktop. A meta é alcançar 12 mil até o fim do ano, espalhados por mil clientes corporativos. A venda é restrita para pessoas jurídicas. A comercialização pode ser feita em dois modelos: venda de licença com manutenção ou software como serviço (SaaS). A plataforma pode ficar em nuvem privada do cliente ou na nuvem pública. 

História

A ideia de criar uma solução de comunicação criptografada surgiu da própria necessidade da Ciberbrás de trocar informações sigilosas com seus clientes de TI, muitas delas relacionadas ao combate a fraudes. Em 2011, o grupo encontrou uma solução de uma start-up de Curitiba, da qual se tornou usuário. A fornecedora curitibana acabou sendo adquirida, dando origem à Sikur. "Passamos o ano de 2012 estruturando o negócio. E em 2013 terminamos a parte de design e de usabilidade", relata Iop. Foram investidos US$ 5 milhões no desenvolvimento do produto. O lançamento comercial da versão para desktop aconteceu em setembro do ano passado. Os próprios clientes foram contribuindo com sugestões para o aperfeiçoamento do produto. Um dos pedidos foi exatamente a extensão para mobilidade, concluída agora.