A Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) não significa apenas conectar objetos ao nosso redor e permitir o seu controle à distância, mas também interpretar a avalanche de dados coletados por essas coisas, de preferência em tempo real. É o chamado "streaming analytics", explica Bart Schouw, diretor de soluções da Software AG, uma gigante europeia do mundo de BPM (Business Process Management). Sua empresa desenvolveu uma plataforma exatamente para essa finalidade: analisar e tomar decisões com base em uma enxurrada de dados coletados por objetos conectados. O executivo esteve no Brasil recentemente para apresentar a ideia a alguns de seus clientes na área de BPM.

A Software AG enxerga quatro mercados para "streaming analytics". O primeiro deles é para manutenção preventiva. A partir do monitoramento de máquinas e cruzando com informações de seu histórico de uso é possível otimizar o trabalho de manutenção, atuando no momento certo, antes que um problema aconteça. A Coca-cola adotou essa solução nos EUA para a manutenção de suas máquinas de venda de latas de refrigerante. A empresa sabe prever quando uma máquina dará defeito, com base em uma análise de big data com seus dados históricos, e envia um técnico antes que o problema ocorra.

O segundo grande mercado é para verticais que querem melhorar a experiência do consumidor, usando técnicas de CEM (Customer Experience Management), monitorando máquinas que estão em contato com os clientes. O executivo cita especificamente hotéis, shoppings e estádios de futebol. Se associada a uma câmera e a softwares de reconhecimento de imagem, a solução de streaming analytics pode identificar características em determinados perfis de usuários, por gênero ou faixa etária, por exemplo.

O terceiro alvo são linhas de produção em geral, para torná-las mais eficientes, capturando dados diretamente do chão de fábrica e analisando-os. No Brasil, poderia ser adaptado também para a agricultura, otimizando a alimentação do gado, por exemplo. Por fim, o quarto mercado é a área de logística, especialmente para a entrega de insumos para a indústria.

"Viemos desse mundo de gerenciamento de processos e percebemos a necessidade de análise de dados em streaming, em tempo real. É preciso analisar uma massa de dados e responder a alertar imediatamente", explica o executivo. A configuração de alertas cabe à empresa contratante da Software AG.

No Brasil, o executivo acredita que sua plataforma possa interessar a grandes montadoras de carro, assim como ao setor de logística, em razão do tamanho do país.

Teles

Schouw enxerga espaço para as teles atuarem no mercado de IoT. Elas poderiam prover não apenas a conexão à rede móvel para o tráfego de dados, quando for o caso, mas também soluções de análise de dados, principalmente para empresas regionais, que atuem dentro da sua área de cobertura. Para empresas multinacionais, com atuação global, o caminho talvez seja contratar soluções de empresas de TI também globais, como a Software AG, aposta.