Quando Jacqueline Dias, então consultora independente de um órgão financeiro, precisou contratar várias pessoas para trabalhos temporários, quase enlouqueceu. Recebia currículos com informações falsas, e procurava por candidatos em sites especializados, mas as informações estavam desatualizadas ou incompletas. Poucos pareciam se encaixar nas vagas disponíveis. Nesse momento, Dias idealizou um aplicativo para não somente auxiliar os candidatos a se recolocarem no mercado, mas também para ajudar os profissionais de RH de empresas e de consultorias de modo a simplificar suas rotinas, e serem mais assertivos na busca por profissionais com mais aderência às vagas oferecidas. “Joguei todas as minhas frustrações nesse aplicativo”, brinca a agora sócia-fundadora da start-up Apponte que empresta seu nome ao app (Android, iOS).

Inspirações

Para desenvolver o aplicativo, Dias se inspirou em três produtos: Tinder, Duolingo e Pokémon Go

Esta é a página principal do aplicativo

No caso do primeiro, a influência vem no fato de que candidatos e vagas dão “match”. O app pretende encontrar a melhor vaga para o candidato e encontrar o melhor candidato para a vaga. “Não existe o match perfeito, mas estamos trabalhando para isso”, diz. O aplicativo pretende bloquear vagas que não estão de acordo com o perfil do candidato. Ou seja, se a pretensão salarial é de R$ 5 mil, não vão aparecer vagas com salário inferior ao estipulado pelo candidato.

Já o Duolingo inspirou a plataforma de gamificação. “Candidato atualizou seus dados no app, ganha ponto. Não atualizou, perde ponto”, resume.

Para a terceira inspiração, o jogo Pokémon Go, o Apponte fez uso da realidade aumentada. A equipe, que ainda trabalha no assunto, deixou de lado sua versão mais clássica – de apontar a câmera para um objeto e ter informações a respeito daquele produto – para usar notificações de push, por ser mais discreto.

Para Dias, a AR facilita o processo de busca de vagas do público que vai de porta em porta à procura de emprego como vendedor, por exemplo. No caso, basta o candidato passar por um estabelecimento e o app notifica se ali há vagas ou não. No entanto, a ferramenta de push só deve funcionar em 60 dias.

Facilitador

Além da pretensão salarial, o candidato precisa preencher dados sobre seu perfil profissional, objetivos, dados pessoais, histórico escolar, idiomas e histórico profissional. Mas é preciso provar a veracidade das informações ali inseridas. Para isso, o usuário precisa fazer uploads de diplomas, por exemplo, para comprovar sua escolaridade, e, em caso de línguas estrangeiras, o app pede para que a pessoa grave um áudio, falando um verso de uma música (sugerida pelo próprio app) para que o recrutador tenha uma noção de sua fluência no idioma. O candidato também pode subir no aplicativo um vídeo seu de até 90 segundos. “Dessa forma, ele pode se apresentar para além do CV”, explica. Tudo isso para escapar dos perfis com informações falsas ou exageradas.

“Nós oferecemos um perfil completo da pessoa que se candidata a uma vaga. Acreditamos que o recrutador consiga poupar 70% do seu tempo com o nosso aplicativo”, resume.